Uma nova pesquisa mostrou que os labradores cor de chocolate são mais propensos a problemas de saúde e morrem mais cedo do que os labradores pretos e amarelos. A razão é o estreitamento do gargalo genético causado pelo aumento na procura destes animais.
A investigação, publicada dia 22 de outubro na revista Genética Canina e Epidemiologia, revela que estes labradores de tom chocolate têm uma vida útil 10% inferior aos outros labradores. De acordo com a investigação, estes cães também são mais propensos a problemas de saúde, como infeções nos ouvidos, na pele e problemas nas articulações.
Ao contrário dos genes de cor preta e amarela, o gene da cor chocolate é um gene recessivo nos labradores – o que significa que tanto a mãe como o pai têm de ser de cor chocolate para reproduzir essa característica nos descendentes.
Este detalhe faz com que haja uma diminuição drástica na pool genética, levando à perda de diversidade genética e ao surgimento dos gargalos genéticos.
O estudo, da autoria de Paul McGreevy, da Royal Veterinary College de Londres, suspeita ainda que seja essa a razão pelo qual estes labradores de cor chocolate sejam menos saudáveis do que os outros labradores.
“Estávamos interessados na associação com a cor da pelagem porque a pigmentação da cor chocolate é recessiva em cães”, escreveram os autores.
“Se a cor do pêlo em tom chocolate é desejada em ninhadas, os criadores são motivados a reproduzir a partir de certas linhas que podem inadvertidamente aumentar a predisposição das crias para certas doenças”, acrescentam.
Segundo os investigadores, o limitado pool genético de labradores chocolate resultou na proliferação de genes responsáveis por infeções na pele e nos ouvidos, entre outros problemas de saúde.
Durante o estudo, os investigadores analisaram dados do Programa VetCompass que reúne dados de cães levados aos veterinários no Reino Unido. No total foram analisados 33.320 dados de labradores, dos quais 2.074 foram selecionados para avaliar a mortalidade e problemas de saúde.
Dos labradores estudados, 44,6% tinham pêlo preto, 27,8% eram amarelos e 23,8% eram de cor chocolate. O estudo é limitado a labradores no Reino Unido e faz a ressalva de que poderá existir variações em outros países.
Os investigadores alertaram ainda para o facto de os dados utilizados no estudo dizerem respeito apenas aos cães que foram levados ao veterinário, e que a “demografia de uma população inteira, ao invés da população veterinária, pode ser difícil de inferir a partir de dados clínicos”.
Segundo os investigadores, o tempo médio de vida dos labradores é de 12,1 anos mas os labradores chocolate registaram uma esperança média de vida de 10,7 anos – 10% inferior aos amarelos e pretos.
Causas de morte
Colocando as diferenças na coloração de lado, as causas mais comuns de morte nos labradores devem-se a distúrbios musculoesqueléticos e ao cancro.
Os investigadores descobriram que as infeções nos ouvidos e as doenças na pele eram mais frequentes em labradores cor de chocolate do que nas outras duas cores.
Uma conhecida e dolorosa doença de pele – a dermatite piro-traumática – foi observada em 4% dos labradores cor de chocolate em comparação com os 1,1% e 1,6% nos pretos e nos amarelos, respetivamente.
As infeções nos ouvidos foram também observadas com maior incidência nos labradores chocolate – 23,4% em comparação com os 12,8% detetados nos pretos e 17% nos labradores amarelos.
Outros dados
“Também descobrimos que 8,8% dos labradores estão acima do peso recomendado ou em obesidade, uma das maiores percentagens entre as raças de cães no banco de dados da VetCompass”, disse McGreevy.
“Havia mais cães com sobrepeso e obesidade entre os labradores machos que tinham sido castrados do que entre aqueles que não tinham, mas não havia esse padrão nos labradores fêmeas”, acrescentou.
Esta observação no estudo é consistente com uma outra pesquisa, publicada em maio de 2016 na revista Cell Metabolism, que mostrou que os labradores têm uma mutação genética que os leva a comer em demasia.
A obesidade pode desencadear graves problemas de saúde nos cães, como diabetes e doenças cardiovasculares.
“Os labradores são geralmente de constituição robusta, com tendência a comer além das suas necessidades fisiológicas, talvez por causa da ausência de um gene e podem estar propensos à obesidade, uma característica que contribui para manifestações clínicas de problemas ortopédicos, nomeadamente nos cotovelos e displasia da anca”, lê-se nesse estudo de 2016.
Solução
Como observado pela investigação, as práticas de criação e a procura por labradores cor de chocolate podem ser os responsáveis pela diminuição da saúde geral desta espécie e mais concretamente daqueles que têm cor de chocolate.
Os investigadores afirmam ainda ser necessário realizar uma análise semelhante a Pugs e à raça de Cavalier King Charles Spaniels pelo mesmo motivo de também serem favorecidos de acordo com a cor da pelagem.
Para remediar a situação, os investigadores sugerem utilizar labradores de outras partes do mundo para diversificar a pool genética ou ainda fazer os possíveis para parar a fixação dos criadores em labradores cor de chocolate.
Numa medida mais drástica, os investigadores sugerem ainda abandonar a criação de puros-sangue.
ZAP // Gizmodo
Que falta de informação… Se o gene é recessivo, significa que a mãe e o pai têm de ser portadores desse gene, mesmo que ele não se manifeste nos pais, uma vez que é recessivo.. Ou seja Ac X Ac podem ter filhos AA Ac e cc, sendo que o Ac e AA são ambos amarelos e apenas os cc serão chocolate… Os progenitores do meu Salvador (labrador chocolate) eram ambos amarelo, logo eram ambos Ac (heterozigoticos) …
Incrível…Neste estudo foram analisados 14.860 cães pretos, 9.263 cães amarelos e 7.930 cães chocolate que estiveram ao abrigo dos cuidados primários veterinários em 2013. Como é que se passa de um estudo com uma amostra tão específica (cães não saudáveis), onde não se ignoram totalmente as percentagens de cães saudáveis para uma determinada população de cães, se chega à conclusão sensacionalista desta notícia? Por outro lado, porque é que é bem maior o número de exemplares pretos em cuidados primários? Será que os pretos são os mais doentes mas por outras razões? Ou será simplesmente um desequilíbrio no número de exemplares? Mas se assim for, apenas temos (quase) metade do número de cães analisados na cor chocolate. Os próprios autores do estudo, nas suas conclusões, não mencionam nada do que vem no título da notícia.
Quase que parece encomenda de criadores de cães pretos/amarelos que estão a perder procura…
Não eram as famílias reais antigas que procriavam com a própria família e depois saiam doentinhos? A história é a mesma.