Na “Aldeia dos Apitos”, os indianos têm dois nomes (e um deles é uma melodia)

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Os indianos que vivem na remota aldeia de Kongthong, conhecida como “Aldeia dos Apitos”, têm dois nomes: um nome normal e uma melodia.

Kongthong é uma pequena aldeia no estado de Meghalaya, na Índia, e é uma visita obrigatória tanto pelas suas paisagens únicas como pela sua cultura.

Apesar de ter muito poucos residentes, os habitantes desta aldeia mantêm uma tradição há séculos, chamada jingrwai iawbei.

Na aldeia, cada recém-nascido tem direito a um nome e a uma melodia distinta no dia do seu nascimento. Enquanto que o nome é utilizado apenas para fins oficiais, a melodia torna-se a sua verdadeira identidade.

Aliás, quando um habitante de Kongthong morre, a sua melodia morre com ele, para nunca mais ser repetida por mais ninguém.

Há também a versão mais curta da melodia, um trecho da canção que pode ser comparado a um apelido. Normalmente, a versão curta é cantada quando a pessoa está mais próxima, em casa ou no parque.

No passado, as melodias eram usadas para os habitantes não se perderem na floresta enquanto caçavam, assim como “para afastar os espíritos maus“.

“Acreditamos que os espíritos maus que habitam nas florestas não conseguem distinguir as nossas melodias umas das outras ou dos apelos dos animais. Nenhum mal nos acontece quando somos chamados pelas melodias”, disse à BBC Shidiap Khongsit, uma mulher da tribo Khasi – uma das três tribos de Meghalaya e a que habita a aldeia remota.

Ouvidas ao longe, as melodias soam como apitos – pelo que não é por acaso que Kongthong é conhecida como a “Aldeia dos Apitos“.

Jingrwai iawbei significa uma melodia (jingrwai) cantada em honra da ancestral raiz ou da primeira mãe do clã (iawbei).

“A conotação simbólica está ligada à prática – não se atribui apenas uma melodia a um recém-nascido, como também se respeita as bênçãos da sua ancestral de raiz”, explicou Piyashi Dutta, professor na Amity School of Communication, em Noida.

“Meghalaya é uma sociedade matrilinear, onde os princípios, ethos, tradições e costumes matrilineares são profundamente enraizados no sistema e transmitidos oralmente de geração em geração”, acrescentou. “Kongthong não é exceção.

ZAP //

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