“Pó secreto para ajudar velhos a morrer”. Há kits de suicídio à venda na Internet

Uma dupla de investigadores portugueses denuncia que há kits de suicídio à venda na Internet, que incluem uma substância que é de venda livre, barata e que “não se pode banir”.

Há vários artigos científicos que relatam mortes ou intoxicações com esta substância cujo principal ingrediente é um conservante alimentar que é comum em produtos como queijos e enchidos, mas em doses pequenas.

Em Portugal, os casos são residuais, mas os investigadores Ricardo Dinis-Oliveira, toxicologista e presidente da Associação Portuguesa de Ciências Forenses, e Carlos Durão, médico legista no Instituto de Medicina Legal, alertam para a importância de estarmos atentos.

Os dois investigadores descobriram que há “um mercado instalado” para vender “kits de suicídio” na Internet que incluem a substância e instruções de como a usar, conforme relatam ao Público.

A substância incluída nesses kits tem como principal ingrediente um químico de venda livre e barato. “Vende-se a granel por meia dúzia de euros”, refere Ricardo Dinis-Oliveira ao Público, salientando que “não se pode banir” por ser de uso tão comum.

Além disso, “passa facilmente despercebido” num exame médico ou numa autópsia, alerta o presidente da Associação Portuguesa de Ciências Forenses.

Assim, “corremos o risco de ter vítimas mortais sem causa de morte“, acrescenta Dinis-Oliveira ao jornal, concluindo que situações de suicídio podem passar como mortes naturais.

“Pó secreto para ajudar pessoas velhas a morrer”

Este químico é divulgado em fóruns online sobre eutanásia e suicídio, sendo apresentado como “um agente ideal para a eutanásia humana”, ou como “o pó secreto para ajudar pessoas velhas” que “querem morrer de forma pacífica”, conforme relata o Público.

“No ano passado, uma revisão sistemática de 35 estudos sobre 132 casos de intoxicação, ocorridos um pouco por todo o mundo desde 1990, concluiu que 53 pessoas ingeriram este químico “com propósito suicida” e 44 morreram”, reporta o mesmo jornal.

O número de “mortes intencionais” foi mais elevado nas faixas etárias entre os 21 e os 30 anos, entre os 11 e os 20 anos, e entre os 31 e os 40 anos, ainda de acordo com a mesma fonte.

Em Portugal, há poucos casos detectados. “Felizmente não é de todo comum e é muito residual em termos globais”, salienta o enfermeiro José Carlos Santos, especialista em saúde mental e professor da Escola de Enfermagem de Coimbra, em declarações ao Público.

O enfermeiro reforça a importância de “trabalhar sempre na prevenção, na promoção da saúde mental e no combate à ideia de um kit” para suicídio, frisando que esta “é uma solução definitiva para problemas transitórios”.

 

ZAP //

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