No início da Europa moderna, os jovens príncipes tinham crianças que eram chicoteadas pelos erros cometidos pelo monarca.
Em todas nações monárquicas, a realeza tinha um estatuto de “intocável”, protegida pelo direito divino. Qualquer tipo de ofensa a um monarca era severamente punida, muitas vezes, até com a morte.
No entanto, os jovens príncipes eram crianças como todas as outras e, como tal, precisavam de receber a educação dos pais. Em certas ocasiões, de forma a reprimi-los, era necessário recorrer a um castigo físico.
A questão é que não eram os jovens príncipes que eram alvo das chicotadas ou açoites. Estes tinham outras crianças que recebiam a educação por eles. O termo em inglês era “whipping boys”.
Este era um costume durante o início da Europa moderna, em que estas crianças eram educados juntamente com o príncipe e recebiam punição corporal pelas transgressões do membro da realeza.
O príncipe seria obrigado a assistir, sendo que a lógica era que ao ver o amigo a ser punido em seu nome, isto impediria que ele voltasse a comportar-se de forma indesejada, escreve o Ancient-Origins.
O tutor do príncipe não tinha o estatuto social necessário para bater no monarca, pelo que recorria a uma “cobaia”. Já diz o ditado britânico: “Bate num cão antes de bater no leão”.
As evidências da existência dos “whipping boys” são poucas. Alguns historiadores consideram que chicotear crianças é totalmente mítico, enquanto outros sugerem que apenas acontecia no caso de um rei jovem, protegido por direito divino, e não a meros príncipes.
Os tratados de Erasmo de Roterdão “A educação de um príncipe cristão” e “Declamatio de pueris statim ac liberaliter instituendis” mencionam que o castigo físico dos príncipes é impróprio, mas não referem os “whipping boys“.
No entanto, o poeta e professor inglês Hartley Coleridge escreveu em 1852 que “ser açoitado por procuração era o privilégio exclusivo do sangue real”.
Acredita-se que o jovem Eduardo VI, de Inglaterra, tinha um “whipping boy” chamado Barnaby Fitzpratrick, filho do 1º Barão de Upper Ossory. Um documento de 1592, escrito por Konrad Heresbach, dava conta que Barnaby era chicoteado em frente ao jovem rei, especialmente quando este dizia asneiras.
Escroques. Então podiam fazer asneiras à vontade.
Parte 1:
A monarquia está cheia de mitos urbanos….Este será, provavelmente, mais um. Não há provas, nem indícios, mas fazem-se afirmações. Vejam-se alguns exemplos dos mitos em torno da monarquia (e, sim, em jeito de declaração de interesses, simpatizo com a causa monárquica):
1 – Que vive à grande, às custas do povo. A Espanhola custa uma fracção do que custa a presidência portuguesa – em termos absolutos, menos de metade. Como eles são 4,5 vezes o nosso número, falamos de cerca de 9 vezes;
2 – Que impedia as mulheres de votar, quando na verdade, na monarquia constitucional, votavam os que pagavam impostos – homens e mulheres;
3 – De ser excessivamente severa, quando no Código Penal monárquico estava inscrita uma regra segundo a qual furtar para comer era equiparado a legítima defesa. Hoje temos cadeias de supermercados que geram milhares de milhões a perseguir indigentes por causa do furto de um chocolate. Já para não falar que fomos dos primeiros países a abolir a pena de morte;
“A Espanhola custa uma fracção do que custa a presidência portuguesa – em termos absolutos, menos de metade. Como eles são 4,5 vezes o nosso número, falamos de cerca de 9 vezes;”
A sua afirmação está errada.
Do Orçamento da Presidência para 2019, tínhamos:
Representação da República: 5 201 100 €
– Representação da República, onde se incluem as despesas com as remunerações relativas ao Gabinete do Presidente da República e das Casas Civil e Militar, bem como as despesas com as subvenções pagas aos anteriores Presidentes da República e ao pessoal dos seus gabinetes.
Esta despesa deve ser comparada com o orçamento da Casa Real de Espanha, que é administrado pelo rei e que paga os salários dos membros da família real que têm funções de Estado, e os salários dos funcionários que trabalham directamente com a Casa Real.
Orçamento para os salários (+ subsídios e pensões) da Casa Real para o ano de 2018: 7 887 150 €.
Resumindo:
Presidência Portuguesa: 5,2 milhões de euros
Casa Real Espanhola: 7,9 milhões de euros
Não tenho informação respeitante às restantes despesas com pessoal e actividades da Casa Real Espanhola, pelo que não posso comparar com as restantes dotações do Orçamento da Presidência.
Devemos no entanto ter em conta, que a comparação deve ser feita em termos absolutos e não em função da população do país.
Por que não passa o meu comentário? Temos censura?