Jornalistas fugitivos: “Ar irrespirável na Rússia. E podemos ficar presos 15 anos“

Diversos jornalistas tiveram de fugir da Rússia, desde o início da guerra. Cidadãos russos deixam o país sobretudo por motivos económicos.

A partir do momento em que a Rússia invadiu a Ucrânia, no dia 24 de Fevereiro, começou uma debandada – não só de ucranianos, mas também de russos.

A saída de cidadãos russos do seu país natal não foi tão repentina e tão concentrada, mas tem-se verificado um aumento de emigrantes nos últimos meses.

Não há estatísticas oficiais mas há estimativas: entre 300 mil e um milhão de russos.

Contudo, o único motivo para estes números não é propriamente a guerra. Ou pelo menos, não directamente: é a situação económica do país, que tem sido alvo de centenas de sanções económicas de países ocidentais.

“Não acredito que, na Rússia, haja uma grande oposição popular à guerra. Algumas pessoas decidiram sair do país mas acho que os motivos políticos são apenas parte da origem dessa decisão. Acredito que alguns dos russos estão mais preocupados com a situação económica”, analisou o analista Kacper Wanczyk.

“Actualmente o cenário económico na Rússia não está assim tão mau mas já estamos a receber algumas informações de problemas internos”, continuou Kacper, em entrevista à Euronews.

Jornalistas fogem da prisão

Entre as centenas de milhares de pessoas que já deixaram a Rússia nas últimas semanas, estão centenas de jornalistas.

Andrei Grigorev, da rádio Liberty, saiu da Rússia porque poderia ter sido preso por estar a fazer o seu trabalho.

“Cheguei a filmar protestos em Kazan e estávamos expostos. Agora, com a nova legislação russa, eles poderiam prender-nos ou revistar-nos a qualquer momento”, explicou.

“Agora percebemos que devemos chamar guerra à guerra e percebemos que ficar na Rússia e trabalhar na comunicação social é perigoso, está sob a lei criminal”, continuou.

Andrei contou à Euronews que, na Rússia, os jornalistas “correm o risco de enfrentar até 15 anos de prisão. É o preço a pagar por se dizer a verdade. Por se chamar guerra à guerra”, lamentou.

A sua esposa, Alina, relatou que há um ar “pesado e impossível de respirar” na Rússia. Outros jornalistas também fugiram do país e “estão em todo o lado”, espalhados por diversos países.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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