Jornalistas chineses enfrentam um pesadelo digno da era de Mao

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Eepeng Cheong / Unsplash

A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) chama a atenção para a crescente opressão dos jornalistas na China.

Os RSF acreditam que o jornalismo chinês está a dar um “grande passo atrás” e acreditam que os media de Hong Kong estão em “queda livre“. Um “pesadelo” digno da era de Mao, define o The Guardian.

A organização publicou um relatório esta terça feira, que explica as dificuldades enfrentadas pelos jornalistas na China. Trabalham num ambiente onde “o livre acesso à informação se tornou um crime e partilhar informação um crime ainda maior“.

O relatório acrescenta que “não importa o tema, aqueles que se recusam a cumprir a narrativa oficial são acusados de prejudicar a nação”.

O secretário geral da RSF, Christophe Deloire, realçou que antes de Xi Jinping chegar ao poder, em 2013, havia uma crescente melhoria no que toca à liberdade de imprensa. Mas o governo chinês “pôs um fim brutal” a essa evolução positiva.

Este “passo atrás” do jornalismo na China é ainda mais “assustador, tendo em conta a quantidade de recursos financeiros e tecnológicos que o regime utilizou para cumprir o seu objetivo”, refere Deloire.

O relatório dos RSF lista o número crescente de situações adversas que os repórteres enfrentam na China. Desde censura online, espionagem, prisão sem direito a julgamento ou confissões forçadas na televisão, os jornalistas não têm liberdade.

O partido comunista dá instruções diárias à imprensa e, desde 2019, os jornalistas chineses são obrigados a usar uma aplicação chamada “Estuda Xi, Fortalece o País”, que consegue aceder aos dados pessoais e ao microfone do telemóvel.

Segundo os Repórteres Sem Fronteiras, tanto jornalistas locais como estrangeiros estão a ser assediados e intimidados pelo governo chinês, nomeadamente durante a cobertura das cheias que ocorreram em Henan, no início deste ano.

O governo regional de Henas lançou até um concurso para um sistema de vigilância de jornalistas, na época das cheias.

Em 2020 foram expulsos, pelo menos, 18 repórteres correspondentes dos Estados Unidos, enquanto outros foram obrigados a fugir, como foi o caso de John Sudworth, da BBC, e de Bill Birtles e Mike Smith.

Os dois últimos estavam a investigar a prisão da segurança nacional do pivot australiano Cheng Lei, da CGTN. Vários jornalistas chineses foram também presos por denunciarem o lockdown na cidade de Whuang, onde originou a covid-19.

A censura “já nem poupa Honk Kong, outrora campeão da liberdade de imprensa”. Agora, “um número crescente de detenções é conduzido em nome da segurança nacional”, revela Christophe Deloire.

O relatório dos RSF apelou às autoridades para combaterem o fenómeno e enumerou conselhos detalhados para os jornalistas se protegerem a eles próprios das fontes de vigilância tecnológicas e de intimidações.

A organização apelou também às democracias globais para “identificarem as estratégias apropriadas ao combate ao regime de Pequim e perseguições políticas”.

Este é um grito de ajuda direcionado aos cidadãos chineses que amam o seu país e querem defender o direito à informação.

ZAP //

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