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Jornal do Kansas City pede desculpa por décadas de discriminação a minoria negra

O proprietário do jornal Kansas City Star apresentou na segunda-feira um pedido de desculpas em nome do diário norte-americano por décadas de cobertura racista e discriminatória contra a minoria negra.

“Embora tenhamos escrito este ano sobre o racismo sistémico em Kansas City“, após a morte de George Floyd que originou protestos a nível nacional, “nunca nos colocámos sob um microscópio para tentar entender melhor como o Star cobriu a comunidade negra durante anos”, destacou o presidente e editor do jornal, Mike Fannin, em declarações à estação televisiva CNN.

Este exercício de introspeção acontece num momento em que os Estados Unidos estão a examinar o seu passado de racismo e segregação desde a primavera, quando se gerou uma onde de protesto histórico contra a discriminação.

Mike Fannin escreveu um longo editorial no domingo em que contou “a história de uma poderosa empresa local que fez mal”.

“Durante 140 anos, esta empresa foi uma das forças mais influentes para moldar Kansas City e a sua região. E ainda por muito tempo, no início de sua história (…) deixou de lado, ignorou e desprezou gerações de residentes negros“, sublinhou.

O jornal, que tem o público branco como principal destinatário, publicou uma série de seis reportagens no domingo, onde é demonstrado que durante anos ignorou a minoria negra da região, à exceção de quando estes eram acusados de crimes.

Como exemplo, é explicado que apenas após a morte de Charlie Parker, em 1955, que o diário passou a dar real destaque aquela lenda do jazz, natural de Kansas City, e que só teve direito a quatro parágrafos na notícia sobre a sua morte.

Em 1977, o Star também se focou nos danos causados pelas enchentes a empresas cujos brancos eram proprietários, ao invés de se focar nos 25 mortos registados, onde estavam incluídos oito afro-americanos.

Para Mike Fannin, esta discriminação resultou numa “falta de confiança e credibilidade” do jornal junto da comunidade negra.

“Certamente não somos perfeitos hoje”, acrescentou, confessando que “há ainda muito trabalho a fazer, mas pelo menos é um começo“.

// Lusa

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