Johnson & Johnson condenada a multa de 515 milhões de euros por crise com opiáceos

Um tribunal condenou o grupo Johnson & Johnson a pagar 572 milhões de dólares ao estado norte-americano de Oklahoma pela sua responsabilidade na crise dos opiáceos, que fez milhares de mortos por overdose.

A multa de 572 milhões de dólares, equivalente a cerca de 515 milhões de euros, surge após dois meses de julgamento.

“A crise dos opiáceos devastou o estado de Oklahoma e deve ser contida de imediato”, declarou o juiz Thad Balkman na audiência desta terça-feira.

O juiz considerou que o laboratório Janssen, divisão farmacêutica da Johnson & Johnson, adotou práticas “enganosas de marketing e promoção de opiáceos”, causando uma crise de dependência destes medicamentos de combate à dor, mortes por overdose e um aumento da síndrome de abstinência neonatal no referido estado norte-americano.

Em causa está um produto da empresa, um adesivo de fentanil que pode ser prescrito para pacientes que sofram com dores intensas e crónicas. O fentanil é usado como droga recreativa, muitas vezes misturada com heroína e cocaína.

Só em 2017, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos registaram mais de 47 mil mortes por overdose relacionadas com opióides. Morrem, em média, 130 norte-americanos por dia desta forma.

O montante exigido à Johnson & Johnson vai servir para financiar os programas estaduais destinados a resolver esta crise.

O desfecho deste caso pode influenciar o de outras queixas apresentadas contra fabricantes de opiáceos nos Estados Unidos.

Já em 2018, a multinacional norte-americana foi condenada a indemnizar em mais de quatro mil milhões de euros 22 mulheres que afirmaram ter contraído cancro do ovário depois de utilizarem pó de talco com amianto da marca.

De acordo com o principal advogado desta acusação, “a multinacional encobriu provas da existência de amianto nos seus produtos durante mais de 40 anos”.

A empresa foi processada por mais de nove mil mulheres que afirmaram que o pó de talco contribuiu para o desenvolvimento do cancro. Seis das 22 queixosas morreram na sequência da doença.

ZAP // Lusa

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