Uma jogadora de voleibol italiana está a ser processada pelo clube que representava após ter engravidado. Lara Lugli foi despedida em março de 2019 do Pordenone, da segunda divisão do seu país, quando descobriu que estava grávida e revelou a notícia.
O caso está a gerar revolta e provocou a reação de várias figuras da política do país, como a speaker do Senado, Maria Elisabetta Alberti Casellati, a classificar o caso como “violência contra as mulheres”.
Um mês após a abandonar o clube, a jogadora sofreu um aborto espontâneo e contactou a entidade para solicitar o pagamento do mês de fevereiro, o último em que tinha trabalhado integralmente antes da rescisão.
No entanto, o Pordenone rejeitou fazer o pagamento e acusando Lugli de “ter violado a boa fé contratual” ao “esconder seu possível desejo de engravidar” aquando do contrato, até porque a jogadora “já tinha 38 anos”.
O clube também culpa a jogadora porque, depois da sua saída, a equipa “desabou no campeonato” e perdeu patrocinadores, avança o The Guardian.
A situação foi partilhada pela jogadora no Facebook no dia 7 de Março, tendo como mote o Dia Internacional da Mulher, mas o caso ocorreu em março de 2019.
“Este não pode ser um precedente para outras jogadoras que se poderão encontrar numa situação como essa no futuro, porque se uma mulher engravidar não pode prejudicar ninguém nem deve compensar ninguém”, escreveu a voleibolista, que em maio vai estar presente em tribunal.
A atleta explica ainda que o clube recriminou-a por não se ter mostrado disponível para competir nos últimos meses do campeonato, nem que fosse para “estar no banco”.
“Deixando de lado o estado psicológico em que me encontrava na altura, é uma frase de monstruosa falta de elegância. Senti vergonha e tristeza”, disse Lugli ao jornal La Repubblica.
Citado pela Ansa, agência de notícias italiana, o presidente do clube, Franco Rossato diz ainda que a ação judicial movida contra Lara Lugli foi apenas uma tentativa de proteger judicialmente o Pordenone, após a jogadora tentar receber o salário de março.
“Apenas quando recebemos a injunção de pagamento, objetámos e ativámos os termos do contrato”, explicou o dirigente.