Jinping e Putin encontram-se pela primeira vez em dois anos. Criticam NATO e EUA

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Xi Jinping, Vladimir Putin

Os líderes do país mais populoso do mundo e do maior encontraram-se pela primeira vez, em mais de dois anos, para a abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno.

As críticas à conduta da NATO uniram os Presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, no encontro desta sexta-feira que antecedeu a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.

De acordo com o Público, a reunião serviu para que cada um sinalizasse solidariedade para com as recriminações do outro.

Os dois líderes, através de um comunicado conjunto, dirigiram-se diretamente à NATO para que “abandone as abordagens ideologizadas da Guerra Fria“.

Jinping e Putin condenaram a expansão da Aliança Atlântica na Europa de Leste, a criação do bloco de segurança na região do Indo-Pacífico o pacto entre os EUA, Reino Unido e Austrália, conhecido como AUKUS.

Foi ainda reforçada a defesa da política “uma só China” e criticadas “todas as formas de independência de Taiwan”.

Os pontos de tensão com o Ocidente, e sobretudo os EUA, coincidiram com os temas de convergência entre as duas grandes potências, naquele que foi o primeiro encontro ao vivo entre os dois líderes em mais de dois anos.

Jinping, que olha para os Jogos de Inverno como a grande oportunidade de relançamento da imagem da China no mundo na era pós-pandémica, conta com a presença de Putin na cerimónia de inauguração para afastar a imagem de isolamento internacional, deixada pelos boicotes diplomáticos de países como os EUA, a Austrália e o Reino Unido.

Para Putin, a reunião amigável com o líder da potência em ascensão é igualmente uma demonstração de apoio numa altura em que a degradação das relações com a Europa Ocidental e com os EUA atingiu o nível máximo das últimas décadas.

“As partes opõem-se a novas expansões da NATO, pedem à Aliança do Atlântico Norte para abandonar as abordagens ideologizadas da Guerra Fria, respeito pela soberania, segurança e interesses dos outros países, a diversidade do seu percurso civilizacional e histórico-cultural, e que trate o desenvolvimento pacífico dos outros Estados de forma objetiva e justa”, dizem os dois líderes no comunicado divulgado pelo Kremlin e citado pelo The Guardian.

Jinping e Putin mostram oposição “à formação de estruturas de bloco fechadas e de campos opostos na região da Ásia-Pacífico” dizem estar “altamente vigilantes quanto aos impactos negativos da estratégia dos EUA para o Indo-Pacífico para a paz e estabilidade da região”.

Cada um dos líderes deu ainda apoio a dossiers relevantes para cada um dos regimes vigentes.

A China disse “compreender e apoiar as propostas apresentadas pela Federação Russa para a construção de garantias de segurança na Europa legalmente vinculativas e de longa duração”.

Putin manifestou “apoio ao princípio uma só China”, confirmou que Taiwan é “parte inalienável da China”, e opõe-se a “qualquer forma de independência de Taiwan“.

“Estamos a trabalhar em conjunto para dar vida ao verdadeiro multilateralismo”, declararam os dois chefes de Estado.

Antes do encontro, um artigo de opinião assinado por Putin foi publicado pela agência oficial Nova China, em que o Presidente russo critica os boicotes diplomáticos dos países ocidentais.

“Infelizmente, as tentativas de vários países para politizar o desporto pelos seus interesses egoístas intensificaram-se recentemente”, escreveu.

Os Estados Unidos e alguns dos seus aliados decidiram não enviar representantes diplomáticos aos Jogos de Pequim como forma de protesto pelos abusos cometidos pelo regime chinês contra a minoria uigur na província de Xinjiang.

Mas Pequim nega os abusos, enquadrando práticas como a detenção forçada de milhares de membros deste grupo étnico como esforços de “reeducação”.

Além da vertente política, o encontro entre Jinping e Putin serviu para oficializar o contrato de fornecimento de gás natural russo à China, durante 30 anos.

A Gazprom espera enviar mais dez mil milhões de metros cúbicos de gás anualmente, através do gasoduto que liga a Sibéria ao Nordeste da China, que se somam a outros contratos em curso.

Em mais um sinal de distanciamento face às práticas que têm regido o comércio mundial nas últimas décadas, o negócio vai ser concluído em euros, e não em dólares, de acordo com uma fonte citada pela Reuters.

A nova concessão surge numa altura em que os países europeus – dependentes em larga escala de gás russo – receiam interrupções no fornecimento decorrentes da tensão entre a Rússia e a Ucrânia.

Os Estados Unidos têm mantido contactos com outros produtores, sobretudo no Médio Oriente, para encontrar alternativas para fornecer o mercado europeu, mas a convicção generalizada é de que o processo de substituição da Rússia como fornecedor é altamente complexo.

ZAP //

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