Jesus Cristo Superstar: o “desastre” completa 50 anos

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Filme histórico estreou no dia 26 de Junho de 1973. Entre uma obra que “nada fez pelo Cristianismo” e um Jesus que estragou tudo.

“A minha mente está mais clara agora”…

Este é o primeiro verso de Jesus Cristo Superstar. É dito por Carl Anderson, o Judas desse musical.

Jesus Cristo Superstar estreou no dia 26 de Junho de 1973. Sim, nesta segunda-feira completam-se 50 anos desde a sua primeira exibição num cinema, que decorreu no Uptown Theater (Washington).

O filme de Norman Jewison e Melvyn Bragg é baseada numa peça de teatro, também musical, que se tinha estreado dois anos antes – com músicas de Andrew Lloyd Webber e letras de Tim Rice (sim, o mesmo de O Rei Leão ou Aladdin).

Jesus é representado por Ted Neeley, Judas por Carl Anderson e Maria Madalena por Yvonne Elliman – todos foram nomeados para os Globos de Ouro no ano seguinte, 1974.

O próprio filme estava entre os nomeados para melhor filme (comédia ou musical) dos Globos de Ouro. Ao todo, seis nomeações – zero troféus.

No cinema, tal como no palco, a obra era ousada. Uma ópera rock que descreve a última semana de Jesus Cristo e que culmina na Sexta-feira Santa. Embora o enredo seja muito focado em Judas – ou na visão que Judas tem sobre Jesus.

A ousadia, o atrevimento, inclui atitudes e adereços modernos, comparações irónicas com a actualidade de então, com referências a eventos políticos.

Monótono

A música vai tendo alguns compassos, excertos melódicos que se repetem ao longo do filme. Nada inédito num musical.

Mas isso surge numa das críticas do conhecido portal Rotten Tomatoes: “A música torna-se monótona, rapidamente. E o diálogo é ridículo desde início”.

Outro crítico é ainda mais duro: “Se não fosse o Horizontes Perdidos, este entraria na história como o pior musical do ano”.

Nesse portal, Jesus Cristo Superstar merece apenas uma percentagem de 54% na qualidade.

Desastre e divisão

No jornal The New York Times, Howard Thompson também não foi simpático, lá no cantinho de uma página: “Broadway e Israel encontram-se frente a frente e de forma desastrosa. O brilho mod-pop, o frenezim musical e a tubulação de néon desta pechincha de palco superquente que encerra a Maior História agora são dolorosamente ampliados, expostos e finalmente remendados sob o majestoso céu azul de Israel, como se por um julgamento natural”.

Arthur D. Murphy, na revista Variety, estava dividido. É um filme que, “paradoxamente, é ao mesmo tempo muito bom e uma grande desilusão“. E explica: “O conceito de filme abstrato varia entre o elegantemente simples e as metáforas forçadas e sendo totalmente sintético em impacto dramático”.

Gene Siskel, no jornal Chicago Tribune, até gostou de Jesus Cristo Superstar. Mas o personagem Jesus estragou tudo: “Tão confuso, tão disforme, que o filme nunca poderá ter sucesso“.

Noutro jornal conceituado, The Washington Post, Gary Arnold escreveu que este filme “nada fez pelo Cristianismo, a não ser comercializá-lo”.

Papa Paulo VI

Obviamente, diversos grupos religiosos criticaram a perspectiva que este filme trouxe à Semana Maior. Sobretudo entre judeus, que achavam (tal como alguns críticos) que o filme, parcialmente, é anti-semita.

Os especialistas na Bíblia lamentaram alguns desvios da Palavra.

E até o Papa Paulo VI viu o filme: “Adorou”, contou o realizador Norman Jewison. “O Papa disse-me que acreditava que aquele filme iria levar mais pessoas para o mundo do Cristianismo, num impacto nunca visto na religião”.

O facto de Judas ser interpretado por um actor negro não foi ignorado: era uma forma de movimento pelos direitos civis.

E, voltando às metáforas com a actualidade de 1973, há sinais de movimentos anti-guerra no Vietnam, que decorria naquela altura.

Hoje

Ted Neeley (Jesus) tem 79 anos e foi realizando mais algumas produções, quer no cinema, na televisão ou na música. Curiosamente conheceu a sua esposa precisamente nas gravações de Jesus Cristo Superstar: Leeyan Granger era uma das dançarinas.

Carl Anderson (Judas) morreu há quase 20 anos. Centrou-se na música e tinha lançado diversos discos. Morreu aos 58 anos devido a leucemia.

Yvonne Elliman (Maria Madalena) tem 71 anos e destacou-se com vários sucessos musicais ao longo da década 1970.

Norman Jewison, realizador do filme, tem 96 anos. Já se afastou do mundo do espectáculo há 20 anos. No seu currículo encontramos um filme de comédia chamado Os russos estão a chegar, os russos estão a chegar.

Apesar da mistura nas reacções, Jesus Cristo Superstar foi um sucesso: foi o musical mais visto nos EUA e no Canadá em 1973.

E, ainda hoje, é uma referência para muita gente. Incluindo em celebrações religiosas:

O original:

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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1 Comment

  1. Bem me lembro da enorme Publicidade feita quando chegou as salas de Cinema en Paris . Vi ………..foi simplesmente “insípido” , sai da Sala muito antes do Fim !

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