O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, apelou este sábado, num almoço comício, na Marinha Grande, ao reforço do partido para “travar a batalha que aí vem”, nomeadamente as eleições legislativas.
“Esta confraternização tem um significado maior, bem precisamos reforçar este partido, e o partido reforça-se, reforçando os vossos ideais, as vossas aspirações, a vossa luta por uma vida melhor”, começou por dizer Jerónimo de Sousa no início da sua intervenção.
O apelo ao reforço, que não constava no seu discurso inicial, voltou a ser feito na sua despedida: “No momento em que se avizinham novas eleições, por isso e para mais além disso, comemoremos estes 100 anos de vida do partido dando a nossa contribuição. E cada um de vós pouco, muito, o necessário, não abdique de reforçar este partido. Hoje foi a participação neste almoço, numa bela sala. Estão aqui e é convosco que contamos para travar esta batalha de reforço do país”, frisou o secretário-geral do PCP.
O político adiantou que “quanto mais força tiver o PCP mais próximo os trabalhadores ficam de ver os seus salários aumentarem para valores que respondam à suas vidas” e, com isso, “garantir também um desenvolvimento económico e social sustentado”.
Jerónimo de Sousa insistiu que o país “só não teve Orçamento porque o PS não quis”, acrescentando: “Não quis afrontar os interesses do capital.”
“Houve rutura, o orçamento chumbou e a primeira iniciativa que o Governo teve foi encontrar-se com os patrões para garantir que a legislação laboral continuará a ser a que é, em desfavor de quem trabalha”, criticou ainda o político.
Para Jerónimo de Sousa, o Governo “recusou as respostas de que o País precisa, contribuindo para que os problemas se agravassem”.
“E foi essa recusa do Governo em responder ao que o país precisa, que conduziu a que a proposta do Orçamento do Estado não fosse aprovada. E não foi aprovada porque o PS não quis. O PS queria eleições, não queria encontrar respostas e soluções”, reforçou.
O secretário-geral sublinhou que os “trabalhadores e o povo português sabem que o PCP nunca desperdiçou nenhuma oportunidade para melhorar as suas vidas” e, “quando foi preciso afastar o PSD e o CDS do Governo”, o PCP “deu o passo decisivo e encetou-se um caminho de defesa, reposição e conquista de direitos, vencendo muitas e grandes resistências”.
Segundo Jerónimo de Sousa, no pós-‘troika’ “não se ia mais longe na resposta aos problemas dos trabalhadores, do povo e do país, porque o PS e o seu Governo não se queriam libertar das amarras que o mantêm preso aos interesses do grande capital”.
Considerando que as eleições “não eram necessárias”, o líder comunista afirmou que irá a votos “com confiança”.
“Contem connosco, determinados nesse combate. O que vai estar em causa em 30 de janeiro é saber se há ou não a resposta aos problemas do país. Ou se continua a ladainha das ‘contas certas’. Essa política assente em anacrónicos critérios em relação ao défice e à dívida, concebida para garantir que ‘mesmo mudando governos, as políticas não mudem’, como a realidade portuguesa o evidenciou em anos e anos de governos do PS, PSD e CDS”, recordou.
Jerónimo de Sousa defendeu que o “país precisa não é de maiorias absolutas, é de soluções para resolver os problemas”.
“Acena-se com o perigo da direita apenas para atingir a maioria absoluta, essa grande ambição do PS, que poria em risco a resposta e soluções de que o país precisa”, declarou.
O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro de 2022 na sequência do “chumbo” do Orçamento do Estado do próximo ano, no parlamento, em 27 de outubro.
O Orçamento teve apenas o voto favorável do PS e os votos contra das bancadas do PCP, BE e PEV, além dos deputados da direita, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega. O PAN e as duas deputadas não inscritas abstiveram-se.
A perda do apoio parlamentar no Orçamento do Estado de 2022 foi um dos motivos invocados por Marcelo Rebelo de Sousa para justificar a dissolução do parlamento e a antecipação das eleições.
A Constituição determina que as legislativas antecipadas têm de se realizar nos 60 dias seguintes à dissolução do parlamento — que só poderá ser decretada, portanto, a partir de 01 de dezembro.
// Lusa