A “crispação” do secretário-geral do PS no debate televisivo surpreendeu Jerónimo de Sousa, que não acredita que a nega seja a valer.
Em entrevista ao jornal Público, Jerónimo de Sousa admitiu ter ficado surpreendido com a “crispação” de António Costa durante o debate de terça-feira.
“Pessoalmente, estranhei aquela crispação toda que se verificou antes, durante e depois do debate vindo de alguém que reconheceu muitas vezes a forma como o PCP esteve nesta fase da vida política”, disse o secretário-geral comunista e representante da CDU.
“Não fui capaz de perceber. Podia ter sido uma noite mal dormida, ou outra coisa qualquer”, acrescentou, frisando que “nada altera esta nossa disponibilidade para a convergência”.
Na mesma entrevista, Jerónimo fez questão de alertar para os perigos de uma maioria absoluta, o risco de “impunidade e critica o “taticismo” de Costa.
”A ser alcançada, seria sempre uma má solução, tendo em conta os problemas do país. As maiorias absolutas não são para resolver os problemas do país, é resolver à sua maneira com a força toda de uma maioria. Dá uma certa impunidade, cria sentimentos de quero, posso e mando e não é saudável para a democracia”, disse.
Ainda que mantenha a disponibilidade para convergências com o PS após as eleições “em relação a coisas concretas”, Jerónimo insiste que “o reforço da CDU é a questão principal”.
“Queremos pôr o resultado da CDU ao serviço do país e resolver problemas estruturais”, salientou.
Já quanto aos cinco anos de mandato, já não é tão taxativo a dizer que os vai cumprir até ao fim. O atual secretário-geral comunista admite deixar o cargo antes do próximo congresso do PCP, mas insiste que “a questão não está colocada”.
Questionado sobre se admite que até 2025, data do próximo congresso do PCP, está garantido na liderança, Jerónimo de Sousa respondeu: “Eu não fazia esse calendário. Em primeiro lugar, temos que lidar com o imprevisível. Mas agora não é a altura, a questão não está colocada.”
ZAP // Lusa