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Jeremy Corbyn anuncia moção de censura contra Boris Johnson (mas há um “mas”)

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Andy Rain / EPA

O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, anunciou esta segunda-feira de manhã que vai promover uma moção de censura ao governo de Boris Johnson, numa tentativa de impedir a saída do Reino Unido da União Europeia sem um acordo.

Jeremy Corbyn, prometeu esta segunda-feira que a sua formação fará “tudo o que seja necessário” para evitar uma saída do Reino Unido da União Europeia sem um acordo. Falando na localidade de Corby, o político acusou os conservadores de “terem fracassado” na sua gestão do Brexit,  considerando que devido a isso todo o país “avança para uma tempestade política e constitucional”

“Vamos fazer tudo o que for necessário para impedir uma saída desastrosa sem acordo, para a qual este governo não tem qualquer mandato”, disse Jeremy Corbyn. “O governo de Boris Johnson quer usar uma saída sem acordo para criar paraísos fiscais para os super-ricos às portas da Europa e assinar um acordo de namorados com Donald Trump.”

Corbyn disse que Boris Johnson está a conduzir o Reino Unido para “a beira do precipício” ao tentar um “divórcio” abrupto do bloco europeu. Segundo o líder trabalhista, o governo pretende aproveitar-se da falta de acordo com a UE para “criar um paraíso fiscal para os super-ricos às portas da Europa e assinar um acordo comercial com Donald Trump”.

Assinalou não ter “quaisquer dúvidas” que uma saída sem acordo “destruirá” empregos e abrirá caminho para que empresas de saúde dos Estados Unidos comprem o sistema público de saúde britânico (NHS), advertindo que este “não está à venda”.

No Reino Unido, as moções de censura, se tiverem a aprovação da maioria da Câmara dos Comuns, não provocam eleições antecipadas. Em vez disso, o partido que propõe a moção de censura terá de propor uma solução governativa para substituir o executivo derrubado.

Jeremy Corbyn não abre mão de ser ele próprio o líder de um hipotético governo, caso a moção de censura venha a vingar. “Eu sou o líder da oposição e líder do Partido Trabalhista. Todos os precedentes constitucionais dizem que, quando um governo cai, é o líder da oposição que assume o poder”, sublinhou.

Esta poderá ser uma das últimas tentativas de Jeremy Corbyn para impedir que o Reino Unido saia da União Europeia sem um acordo — o que acontecerá a 31 de outubro caso Londres e Bruxelas não cheguem a um novo compromisso até lá.

Boris Johnson, que sucedeu a Theresa May na liderança do governo britânico, tem sublinhado frequentemente que prefere uma saída sem acordo do que manter o Reino Unido na União Europeia.

No entanto, ao que tudo indica, a moção de censura de Jeremy Corbyn irá muito provavelmente esbarrar na dinâmica instalada na Câmara dos Comuns. Além de não ser totalmente garantido que Jeremy Corbyn venha a conseguir o apoio de todos os deputados da sua própria bancada, é ainda menos certo que este venha a conseguir o apoio de outros partidos na Câmara dos Comuns.

Da parte dos Liberais Democratas (que são contra o Brexit), a sua líder, Jo Swinson, já disse que a proposta de Jeremy Corbyn “não faz sentido”. Como alternativa, Jo Swinson já propôs um governo temporário liderado por Ken Clarke (conservador pró-UE) e Harriet Harman (trabalhista pró-UE), respetivamente o deputado e a deputada mais velhos da Câmara dos Comuns.

Da parte dos conservadores que são contra o Brexit, Jeremy Corbyn também não deverá contar com o seu apoio. Os deputados conservadores Oliver Letwin e Dominic Grieve já vieram dizer que não estão dispostos a permitir uma subida de Jeremy Corbyn ao poder.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Qual é a saída “com acordo” que o Corbyn quer ? A que convenha aos ingleses e seja ditada por eles…??? Isto já cansa e demora a chegar o 31 de outubro, para nos vermos livres desta palhaçada.

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