Um fotógrafo norte-americano começou, há dois anos, a tirar fotografias às SMS nos telemóveis de estranhos que, por alguma razão, estavam ao seu lado. A ideia acabou por se tornar um livro.
Antes do distanciamento social, era fácil ver as SMS de alguém ao nosso lado enquanto estávamos, por exemplo, num metro ou num autocarro cheio de gente. E, na maioria das vezes, nem o fazíamos por excesso de “cusquice”.
Mas agora, conta a cadeia televisiva CNN, o fotógrafo nova-iorquino Jeff Mermelstein usou esse impulso involuntário para criar uma série de fotografias, tiradas sub-repticiamente sobre os ombros de estranhos.
“Eu escolho conversas que acho que vão ser memoráveis, talvez até enigmáticas ou ambíguas, duradouras e instigantes”, disse o artista em conversa com o canal norte-americano, acrescentando que, desde que começou o projeto, em 2018, já tirou cerca de 1200 fotografias.
Embora se limitem a algumas frases escritas por pessoas anónimas, entre discussões de casais, anúncios de gravidez e amores não correspondidos, as imagens bastam para criar toda uma nova história na nossa imaginação.
O fotógrafo explicou à CNN que as fotografias ficaram em suspenso com o início da pandemia da covid-19, sobretudo quando as medidas de distanciamento social foram postas em prática em Nova Iorque.
Mermelstein admite que esta ideia invade a privacidade das pessoas, porém, também considera que não é muito diferente das tradicionais fotografias de rua. Em vez de procurar um gesto ou uma expressão, diz estar a “explorar pensamentos íntimos através das palavras”. “Isso, para mim, é realmente emocionante porque nos dá um tipo diferente da perceção de quem somos”.
A série de fotografias, que começou por ser publicada na sua conta de Instagram com a hashtag #nyc, acabou por dar um livro com o mesmo nome que já se encontra publicado.