As autoridades japonesas pretendem prolongar a vida útil dos seus reatores acima de 60 anos e ponderar a possível construção de reatores nucleares de nova geração.
O Japão pretende dar um forte impulso à energia nuclear, um setor que ficou enfraquecido desde o desastre da central nuclear Fukushima em 2011, mas que está a ganhar força diante das fortes pressões energéticas globais.
Fumio Kishida, primeiro-ministro japonês, anunciou esta quarta-feira que será feita uma reflexão em várias frentes, sobre a possível construção de “reatores nucleares de nova geração”, que seriam um grande ponto de viragem para o Japão.
As autoridades japonesas também pretendem prolongar a vida útil dos seus reatores acima de 60 anos, com o objetivo de reduzir as suas emissões de CO2, de acordo com o plano anunciado esta quarta-feira pelo executivo japonês.
Essas propostas, que representam uma grande mudança na política do governo japonês de não construir novas centrais nucleares, também incluem a reativação de um total de 17 reatores, para o próximo verão.
As medidas foram propostas por Kishida durante uma reunião do Governo sobre a iniciativa “Transformação Verde”. Até ao final do ano, ações concretas deveram ser implementadas, segundo os meios de comunicação locais.
“O Japão deve resolver os seus problemas para o futuro enquanto promove a transformação energética”, disse Kishida durante a reunião desta quarta-feira.
O Ministério da Economia, Comércio e Indústria japonês está a estudar a criação de centrais nucleares de nova geração, e publicou anteriormente uma estratégia para atualizar reatores ativos com melhores funções de segurança até 2030.
O plano também incluiria a extensão da vida máxima dos reatores, para que possam operar além de 60 anos, já que após o desastre de Fukushima foram introduzidas medidas mais rígidas e esse número foi reduzido para 40.
No entanto, operar durante esses 20 anos extras só será possível se uma série de melhorias de segurança forem realizadas e os reatores passarem pelas revisões necessárias, com o objetivo do país aumentar o percentual de fornecimento de eletricidade que consome de 20% para 22% ou 24%, através de energia nuclear.
Em relação à reativação das centrais nucleares, o Ministério também planeia ter um total de 17 reatores nucleares em operação, incluindo 10 já aprovados para operação, com o objetivo de melhor se preparar para um possível desabastecimento de energia elétrica, especialmente nos meses de inverno.
O Japão entrou num “apagão nuclear” após o acidente na central nuclear de Fukushima Daiichi, desencadeado pelo terramoto e tsunami de março de 2011.
O Governo e a nova autoridade reguladora de energia atómica estabeleceram critérios de segurança mais rígidos após essa crise, que obrigou todas as centrais do país a suspenderem as suas operações, até que atendessem aos novos padrões.
No entanto, apenas alguns reatores nucleares receberam o aval das autoridades para voltar a funcionar, do total de 42 existentes em condições técnicas para operar, mas que não passaram pelas novas normas de segurança do regulador japonês ou foram reprovados pela Justiça.
O desastre da central de Fukushima já aconteceu há mais de 11 anos. Em junho deste ano, uma parte das aldeias próximas ao local atingido foi declarada segura, e os residentes já puderam regressar às suas casas.
O Japão foi atingido por um terramoto de 9.0 de magnitude a 11 de março de 2011, seguido de um tsunami que provocou o colapso de um dos reatores nucleares da central de Fukushima. A aldeia de Katsurao, a cerca de 40 quilómetros da central, contava com 1.500 residentes.
O governo nipónico tem realizado operações em larga escala de descontaminação das várias localidades na região de Fukushima, ao longo da última década.
ZAP // Lusa