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No Japão, há um mapa que sinaliza os bairros com crianças barulhentas (e os vizinhos tagarelas)

Adultos tagarelas e crianças irrequietas e barulhentas: o mapa de Dorozoku sinaliza os bairros japoneses onde o nível de ruído é demasiado alto para quem procura uma vida mais tranquila, num país conhecido pelo silêncio e tranquilidade.

O mapa Dorozoku está cheio de círculos coloridos que indicam os bairros que devem ser evitados por vizinhos que não são amantes do som das crianças a brincar ou de adultos a tagarelar. O site contém informações sobre quase 6.000 localizações em todo o país, publicadas por moradores.

De acordo com o The Guardian, o site é tão detalhado que são ainda disponibilizadas algumas informações mais concretas. O diário britânico escreve que é possível saber que, à noite, se ouvem “os gritos dos filhos, os gritos dos pais e passos ruidosos” ou que “pais e filhos jogam à bola na rua”.

“As crianças da escola primária estão sempre a brincar na rua e causam problemas para as pessoas que moram nas proximidades”, lê-se numa das reclamações. Um outro utilizador queixa-se do facto de ter de se desviar das crianças quando conduz no bairro.

O responsável pelo site, um homem de 40 anos que não quis ser identificado pelo The Guardian, está agora debaixo de fogo, acusado de fomentar a intolerância face às crianças que só fazem o que é natural num país que precisa de mais jovens para a economia sobreviver nas próximas décadas.

Apesar das críticas, também há quem enalteça as vantagens do mapa. Alguns pais de crianças pequenas referiram que o site, que também identifica os locais mais tolerantes, os ajudou a escolher onde morar.

No Japão, o ruído parece ter aumentado na sequência da pandemia de covid-19.

Neste período, há mais pessoas em casa devido ao confinamento. Além de se ter registado um número recorde de pessoas em teletrabalho, o encerramento dos estabelecimento de ensino, durante o primeiro estado de emergência no ano passado, contribuiu para o aumento do barulho nos bairros japoneses – normalmente silenciosos.

Liliana Malainho, ZAP //

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