Ex-Presidente da África do Sul Jacob Zuma entrega-se às autoridades

World Economic Forum / Flickr

O ex-Presidente sul-africano, Jacob Zuma

O ex-Presidente da África do Sul entregou-se, esta quarta-feira à noite, às autoridades policiais para cumprir uma pena de prisão de 15 meses por desrespeito à Justiça.

“Informamos que o Presidente Zuma decidiu cumprir a ordem de prisão. Está a caminho de um estabelecimento prisional dos Serviços Correcionais no KwaZulu-Natal”, referiu a Fundação Jacob Zuma nas redes sociais, citada pela imprensa sul-africana.

O ex-chefe de Estado entregou-se às autoridades minutos antes da meia-noite local, o prazo limite para a sua detenção ordenada pelo Tribunal Constitucional, tendo sido escoltado pelos serviços de proteção presidencial.

Um porta-voz do Ministério da Polícia, Lirandzu Themba, confirmou que Zuma se entregou às autoridades policiais na noite desta quarta-feira.

O antigo chefe de Estado enviou horas antes uma carta à mais alta instância judicial do país a solicitar a proibição da execução da ordem de detenção enquanto aguarda o resultado de todos os processos judiciais, segundo a Fundação Jacob Zuma.

Esta é a primeira vez na história da África do Sul que um ex-Presidente é condenado a uma pena de prisão.

O Tribunal Constitucional do país condenou, a 29 de junho, Zuma a 15 meses de prisão por desrespeito ao tribunal, ao recusar repetidamente cumprir a citação que lhe exigia o testemunho em investigações de corrupção. De acordo com a decisão, o antigo chefe de Estado sul-africano deveria entregar-se à polícia no prazo de cinco dias.

Zuma foi considerado culpado por não obedecer à ordem do tribunal para comparecer perante a comissão que investiga alegações de grande corrupção no Estado sul-africano durante o seu mandato presidencial de 2009 a 2018.

A polícia sul-africana destacou mais de 70 veículos, incluindo uma unidade de intervenção especial antimotim, para o local da residência oficial do ex-Presidente sul-africano na área rural de Nkandla, província do KwaZulu-Natal, litoral do país, segundo a imprensa local. Entre os meios policiais destacados contavam-se veículos blindados e canhões de água.

Os simpatizantes de Zuma permaneceram na rua após as 22h00 locais, em violação do recolher obrigatório decretado no âmbito do confinamento de nível 4 contra a covid-19 em vigor no país.

Desde o fim-de-semana, centenas de simpatizantes de Zuma congregaram-se junto à sua residência oficial para evitar qualquer tentativa de a polícia prender o antigo chefe de Estado sul-africano.

Alguns ex-ministros do Governo sul-africano, altos funcionários administrativos e executivos de empresas estatais estão entre as testemunhas que implicaram Zuma em atos de corrupção.

Várias testemunhas alegaram que, enquanto Presidente, Zuma permitiu que membros da controversa família Gupta influenciassem a nomeação de ministros e beneficiassem de contratos lucrativos com empresas estatais.

Zuma está a enfrentar outros problemas legais, nomeadamente, acusações relacionadas com subornos, que alegadamente terá recebido durante um negócio de aquisição de armas pela África do Sul em 1999.

O ex-Presidente declarou-se inocente das acusações e os seus advogados solicitaram a demissão do procurador principal no seu caso, por alegada parcialidade contra o antigo chefe de Estado.

ZAP // Lusa

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