Uma teoria aponta que os jacarés comem pedras para aguentarem mais tempo debaixo de água quando estão a caçar.
Os jacarés são conhecidos pelas suas dietas diversas e, por vezes, chocantes, consumindo de tudo, desde peixes e aves a tartarugas e, ocasionalmente, mamíferos. Mas um dos itens mais invulgares encontrados nos seus estômagos não é animal nem sequer vegetal — são pedras.
Estas pedras engolidas, chamadas gastrólitos, há muito que intrigam os cientistas. Alguns animais utilizam-nas para triturar alimentos, extrair minerais ou até mesmo para se livrarem de parasitas. Mas, para os répteis aquáticos como os jacarés, novas investigações sugerem um motivo diferente: o controlo da flutuabilidade.
Um estudo de 2019 realizado por investigadores da Universidade de Utah propôs-se a testar esta teoria, que foi registada pela primeira vez há séculos pelas comunidades indígenas sul-americanas. Os cientistas trouxeram sete jovens jacarés-americanos (Alligator mississippiensis) para o laboratório para medir como o consumo de pedras afetava a sua capacidade de mergulho, explica o IFLScience.
Os resultados foram impressionantes. Os jacarés sem pedras no estômago conseguiam permanecer submersos durante uma média de pouco menos de seis minutos. Depois de engolir pequenas pedras, o seu tempo médio de mergulho quase duplicou para 11 minutos. Ainda mais impressionante, a duração máxima do mergulho aumentou 117%, com alguns mergulhos a durarem mais de 35 minutos — em comparação com pouco menos de 15 minutos sem os gastrólitos.
Os investigadores acreditam que o peso adicional das pedras permite que os jacarés permaneçam submersos mais facilmente, sem flutuar para cima. Isto dá-lhes uma vantagem distinta durante a caça: podem suster a respiração durante mais tempo, permanecer escondidos debaixo de água e lançar ataques surpresa de forma mais eficaz.
“Todos os jacarés aumentaram significativamente a duração do seu mergulho máximo quando receberam gastrólitos”, relatou a equipa. “O mergulho mais longo registado saltou de 883 segundos para 2122 segundos após consumir as pedras.”
Este comportamento não é exclusivo dos répteis modernos. Paleontólogos descobriram gastrólitos em restos fossilizados de plesiossauros, grandes répteis marinhos que viveram durante os períodos Jurássico e Cretácico Superior. Foram encontrados tantos fósseis com rochas nas suas cavidades abdominais que os investigadores acreditam que esta estratégia de flutuabilidade já está em uso há milhões de anos.
Dos mares antigos aos pântanos modernos, engolir rochas pode ser uma das ferramentas de sobrevivência mais inesperadas da natureza, dando a predadores como o jacaré uma vantagem silenciosa e mortal sob a superfície da água.
Vivi 20 anos no norte de Angola.
Nos anos 50 e 60 do século passado, era habitual a caça ao jacaré, sobretudo à noite…mas não em todos os rios !!
Além da grande procura pela pele, outro motivo alimentava o entusiasmo pela sua captura ! Não por todas as pedras encontradas no seu interior.: Só pelas que mais brilhavam na noite escura angolana…os diamantes !!
Fizeram-se algumas fortunas…com as”pedras” encontradas nas barrigas dos jacarés !!