/

Já sabemos qual é o segredo para superar a inveja

1

De acordo com uma investigação recente, temos mais inveja da experiência de uma determinada pessoa antes de ter acontecido do que depois de já ter passado. O segredo está no tempo.

Pesquisas anteriores mostraram que os seres humanos tendem a ter emoções mais intensas em relação a eventos futuros em comparação com os que já aconteceram. Por exemplo, uma festa parece sempre mais excitante se estiver marcada para amanhã do que se tivesse acontecido ontem.

Ed O’Brien, investigador da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, juntamente com Alexander Kristal e Eugene Caruso, quiseram saber se o mesmo fenómeno se aplicava à inveja.

A inveja é uma emoção peculiar uma vez que pode potenciar resultados negativos, como a auto-antipatia, ou resultados positivos, como a inspiração. Os cientistas queriam saber se o timing influenciava a forma como as pessoas se deixam levar pela inveja: será que o tempo determina se nos tornamos antipáticos ou inspirados com inveja à mistura?

Num primeiro estudo, que envolveu 620 pessoas, os cientistas pediram aos participantes que imaginassem que um amigo iria ter experiências que eles próprios desejavam ter, como tirar umas férias de sonho ou ser promovido. Alguns imaginaram como se sentiriam nos dias que antecediam o Dia D, outros imaginaram como se sentiriam nos dias após os eventos.

Segundo o EurekAlert, os resultados mostraram que o tempo importa, mesmo que estejam em causa cenários hipotéticos. Os participantes consideraram as experiências menos invejáveis depois de terem acontecido do que antes de acontecerem

Para testar se os resultados se mantinham iguais no que diz respeito a eventos reais, os cientistas avaliaram o sentimento de inveja dos participantes em relação ao Dia dos Namorados (14 de fevereiro), avaliando-os todos os dias durante o mês de fevereiro de 2017.

De acordo com os dados obtidos, a inveja cresceu nos participantes no Dia de São Valentim, mas caiu logo no dia 15 de fevereiro, mantendo-se relativamente baixa o resto do mês. No mês de fevereiro de 2018, os cientistas voltaram a analisar os participantes e verificaram que a inveja aumentou de 13 a 14 de fevereiro, mas diminuiu no dia 15.

Curiosamente, a inveja benigna e a inveja maliciosa parecem ter diferentes dinâmicas temporais. Os participantes que imaginaram como se sentiriam nos dias após um evento invejável relataram menos inveja maliciosa (incluindo menos frustração e antipatia) do que aqueles que imaginaram como se sentiriam nos dias anteriores ao evento.

Quando pensaram no evento como se ele já tivesse acontecido, os participantes imaginaram sentir níveis semelhantes ou até maiores de inveja benigna – inspiração e motivação.

“De maneira uniforme, eventos futuros provocarão reações mais extremas, porque é mais relevante prestar atenção a coisas que ainda nos podem acontecer”, explica O’Brien. “Mas estas descobertas sugerem que a passagem do tempo pode estar particularmente associada à redução da intensidade das experiências negativas, em vez de reduzir a intensidade de todas as experiências.”

Ter consciência destes resultados pode ajudar-nos a regular as nossas próprias emoções, num mundo onde o uso crescente das redes sociais facilita a comparação social, mesmo com pessoas que nunca conheceremos.

“Mais de 500 milhões de pessoas interagem diariamente nas redes, onde encontram desproporcionalmente os melhores momentos de outras pessoas, promovendo o medo de perder e prejudicar o bem-estar dos espetadores”, escrevem os cientistas.

“Pode haver um poder subtil no timing de partilha de informações. Uma atualização de estado de ‘Tudo pronto para Bali” pode ter mais influência do que “De volta para casa vindo de Bali!”, concluem.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.