Já sabemos porque recuperamos o peso perdido após uma dieta

Uma ligação a células localizadas no hipotálamo, os neurónios AgRP, está a ser estudada por cientistas como a causa para as flutuações do peso.

Um grupo de investigadores da Harvard Medical School e do Max Planck Institute for Metabolism Research, na Alemanha, acredita ter identificado o motivo pelo qual as pessoas tendem a recuperar peso depois de o perderem, partindo de uma via cerebral de ratos.

A esperança é que, considerando estas conclusões, os tratamentos sejam adaptados e resultem na manutenção do peso.

Tal como destaca a New Scientist, a recuperação do peso perdido é algo comum, no entanto, o mecanismo responsável pela referida recuperação é desconhecido.

Agora, os cientistas desconfiam de uma ligação a células localizadas no hipotálamo, os neurónios AgRP. Segundo estudos anteriores, estas células têm um papel importante na regulação da fome.

“Os neurónios AgRP são ativados quando um corpo tem pouco combustível, e quando estão ativos, causam fome intensa”, diz Brad Lowell Harvard Medical School.

Há muitas regiões diferentes do cérebro a enviar sinais aos neurónios da AgRP através das sinapses. Estas ligações podem fortalecer ou enfraquecer, alterando a intensidade dos sinais que viajam através delas — quanto mais forte for a ligação, mais alta é a mensagem.

De forma a perceberem como é que a perda de peso afeta a estas sinapses, Lowell e a restante equipa mediram a atividade no cérebro post-mortem de nove ratos, cinco dos quais em jejum durante 16 horas antes de os respetivos cérebros serem examinados.

Os investigadores estimularam regiões cerebrais conhecidas para que sinalizassem os neurónios AgRP recorrendo a optogenética, uma técnica que ativa as células usando a luz.

Curiosamente, os ratos em jejum tinham mais atividade numa parte do hipotálamo chamada núcleo paraventricular hipotalâmico (PVH) do que os ratos que não estavam em jejum. Esta região cerebral é conhecida por estar envolvida no metabolismo e crescimento.

Os investigadores silenciaram estes neurónios PVH num grupo separado de ratos em jejum para depois monitorizarem a quantidade de comida que os animais comiam durante 24 horas. Em média, os ratos comeram cerca de 33% menos comida que os ratos do grupo de controlo e recuperaram menos peso ao longo de sete dias.

Outras experiências revelaram que, uma vez que os ratos recuperaram o peso perdido, a sinalização amplificada dos neurónios PVH voltou ao normal.

Em conjunto, estas descobertas sugerem que a recuperação de peso é impulsionada por um aumento temporário da sinalização dos neurónios PVH para os neurónios AgRP. “Demasiada fome é um problema médico e muito pouca fome é um problema médico”, esclarece Lowell. “Se vamos tentar descobrir como resolver estes problemas, precisamos de compreender como funciona a fome”.

ZAP //

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