Já sabemos porque é que as laranjas sabem a laranjas (e isso pode salvá-las)

Ameaçada pela doença dos citrinos, a laranja doce pode sobreviver graças a sete componentes fundamentais que a distinguem da tangerina.

sete ésteres que distinguem o sabor das laranjas doces do das tangerinas, segundo um estudo publicado no final de fevereiro na revista Science.

“E depois?” é o que está provavelmente a pensar baixinho depois de ler o parágrafo acima. À primeira vista, pode não parecer fascinante, mas a recente descoberta destes compostos químicos-chave de um dos frutos mais comuns do mundo abre portas ao desenvolvimento de novas variedades resistentes a doenças, sem a necessidade de comprometer o seu sabor distinto.

E este “sumo” vem mesmo a calhar: a indústria citrícola enfrenta uma crise devido à doença do amarelecimento dos citrinos — também conhecida como greening ou huanglongbing (HLB) — que já devastou colheitas em todo o mundo, inclusive em Portugal.

A HLB não tem qualquer risco para a saúde humana, mas faz com que o fruto cresça pouco e se apresente deformado, descolorido e com o sabor alterado. Não tem cura, gosta particularmente da laranja doce (Citrus sinensis) e infelizmente, até hoje, nenhum método de incorporação da resistência da laranja trifoliata — a única variedade imune à doença — teve bons resultados em manter a integridade do sabor único das laranjas.

Agora, de acordo com o Chemistry World, investigadores da Flórida e do Havai analisaram o perfil de sabor de 179 amostras de sumo de vários tipos de citrinos e identificaram 60 compostos voláteis que contribuem para os seus sabores únicos.

A partir desta análise, 26 compostos preveem a presença do sabor a laranja. Desses 26, sete ésteres específicos foram classificados como críticos na diferenciação do sabor da laranja doce da tangerina.

Além disso, a equipa descobriu 93 genes que são ativados na produção de seis destes ésteres essenciais. Concluiu que estes marcadores genéticos podem ser usados para selecionar plantas jovens de citrinos por traços de sabor desejáveis muito antes de darem fruto.

Espera-se que a visão genética acelere significativamente o processo de criação de melhores e mais resistentes variedades de laranja — e que conservem o seu clássico sabor que a maioria aprecia.

Tomás Guimarães, ZAP //

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