Já sabemos o que pode ter parado a construção de esculturas na Ilha de Páscoa

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(CC0/PD) Wolk9 / Pixabay

Estátuas Moai, na ilha de Páscoa, no Chile

Um novo estudo sugere que uma grande seca, e numa uma desflorestação maciça, pode ter sido a responsável pelo fim da construção das estátuas na ilha chilena.

A ilha de Rapa Nui, também conhecida por Ilha de Páscoa, pertencente ao Chile, é casa das famosas esculturas de pedra Moai. São mais de mil, construídos há centenas de anos, e são património mundial da UNESCO.

Consta-se que, com a chegada dos primeiros polinésios à ilha, por volta de 1200, tenha acontecido uma rápida desflorestação, que pode ter sido feita para sustentar a construção de mais estátuas.

A população terá então entrado em colapso, ainda antes da chegada dos europeus, no século XVIII, e a degradação do ambiente terá sido a causa do fim da construção das esculturas. Mas, agora, uma equipa de cientistas apresenta outra narrativa, também baseada nas alterações climáticas, mas num fenómeno diferente.

O novo estudo disponibilizado no Earth ArXiv defende que uma grande seca pode ter sido a causadora do colapso da produção artística do povo da ilha de Páscoa.

A análise foi feita com base em isótopos de hidrogénio no revestimento de cera de folhas antigas preservadas em sedimentos de lagos da ilha.

Esta investigação arqueológica mostra que, entre 1550 e o início do século XVIII, ocorreu um défice de precipitação (uma redução de cerca de 900 milímetros por ano).

Este período de extrema seca pode ter condicionado grandemente a vida da população de Rapa Nui.

“A nossa hipótese não requer uma guerra violenta ou um colapso demográfico em 1600 d.C., mas fornece uma explicação razoável para possíveis fatores de conflito intercomunitário, uma necessidade de reorganização espacial e um impulso para o desenvolvimento cultural na ilha”, escrevem os autores no estudo.

“As secas ocorrem de facto em Rapa Nui e podem ser muito dramáticas”, admite à New Scientist Daniel Mann, geólogo da Universidade do Alasca Fairbanks. “Durante todos estes anos, estive à espera que alguém desse seguimento a esse estudo. E eles fizeram-no”.

“As suas provas são bastante substanciais”, concorda Dale Simpson da Universidade de Illinois Urbana-Champaign. Mas avisa que “o que me deixa hesitante são as conclusões culturais que tiram”.

E recorda que esta é só uma entre várias possibilidades: “Estamos tão concentrados neste colapso ambiental quando poderiam ter sido outras coisas que impediram a criação de estátuas”.

ZAP //

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