A Itália conquistou hoje o segundo título de campeã europeia de futebol, 53 anos depois, sucedendo a Portugal, ao bater a anfitriã Inglaterra por 3-2, nos penáltis, após 1-1 nos 120 minutos, na final do Euro2020, em Londres.
No tempo regulamentar, Luke Shaw adiantou os ingleses, logo aos dois minutos, e Leonardo Bonucci empatou para os transalpinos, aos 67.
A ‘squadra azzurra’, que igualou em Wembley os dois cetros da França e se colocou a um de Alemanha e Espanha, também conta no seu palmarés com quatro título mundiais, conquistados em 1934, 1938, 1982 e 2006.
Entrada de leão, resposta transalpina e acerto na hora H
53 anos depois, a Itália voltou a conquistar a Europa. Na noite deste domingo, numa final de cortar a respiração, os transalpinos estiveram a perder, empataram e, desde marca dos 11 metros, foram mais certeiros e levaram de vencida a Inglaterra.
Com o Estádio da Wembley ao rubro, os “três leões” voltaram a não rugir e ainda não foi desta que que voltaram a conquistar uma grande competição depois do Mundial de 1966.
Lição táctica da selecção dos “três leões” nos primeiros 49 minutos do encontro.
Os ingleses bloquearam o futebol rendilhado italiano com superioridade na zona central (fundamentais os recuos constantes de Harry Kane e a pressão que Rice e Philips exerceram sobre Jorginho e Verratti) e controlaram as incidências explorando a largura através dos dois flancos (Trippier e Shaw em evidência).
Foi assim que surgiu o golo madrugador de Luke Shaw, marcava o relógio 1 minuto e 56 segundos – naquele que foi o “tento” mais rápido da história das finais dos Campeonatos da Europa.
Atordoados, os transalpinos, não obstante as seis tentativas de remate, apenas aos 35 minutos deram um ar da graça, num laivo de Chiesa que quase silenciou o Wembley.
Em desvantagem, a “azzurri” aproveitou o intervalo para acertar as marcações e surgiu revigorada na etapa final, principalmente após os 55 minutos, período no qual Mancini mexeu na equipa, refrescou e equilibrou a zona central do meio-campo com a entrada de Cristante (na vaga de Barella)
Estas mexidas deram outro ímpeto e mobilidade à linha atacante com Berardi na vaga de Immobile, passando Insigne para o meio e Chiesa para o corredor canhoto.
Quando Bonucci empatou (67’), não apanhou ninguém de surpresa tal era a superioridade italiana – aos 73′ Berardi falhou por centímetros a reviravolta – e a inoperância inglesa em termos ofensivos (35% da posse e apenas três remates). Com o 1-1, houve direito a mais meia-hora.
Nervos em franja e pouco discernimento em ambos os conjuntos. As excepções foram poucas, um tiro ao lado de Philips (96’), uma intervenção salvadora de Pickford que impediu que a bola chegasse aos pés de Bernardeschi (103’) e um corte crucial de Chiellini perante Sterling (110’).
Com o empate a perdurar, o sucessor de Portugal foi decidido da marca dos 11 metros.
Berardi marcou, Kane também, Pickford travou o remate de Belotti, Maguire bateu Donnarumma, Bonucci não falhou, Rashford atirou ao poste, Bernardeschi não tremeu, Sancho falhou, Jorginho permitiu a defesa de Pickford e Saka não ultrapassou o muro italiano e abriu caminho para a festa italiana.
Tal como nas meias-finais do EURO 96, Southgate voltou a não ser feliz na marca de grande penalidade, ao passo que Mancini vibrou, algo que não tinham feito em 1992 quando a Sampdoria perdeu ante o Barcelona na final da actual Liga dos Campeões.
Melhor em Campo
Não foi pelo guarda-redes do Everton, Pickford, que a Inglaterra não fez a festa em Wembley esta noite.
Rápido a sair dos postes e seguro até no jogo com os pés (falhou apenas quatro dos 16 passes feitos), Pickford foi enorme, e durante os 120 minutos contabilizou cinco intervenções (três em remates no interior da área) e na lotaria das grandes penalidades voltou a ser gigante e “agarrou” dois remates, uma bomba de Belotti e um tiro do especialista Jorginho.
O título de MVP deveu-se ao GoalPoint Rating de 6.8 que amealhou.
Destaques de Itália
Bonucci 6.8 – Gigante, enorme, soberbo. Faltam os adjectivos para descrever a exibição superlativa do defesa-central. Foi decisivo ao marcar o golo do empate, não tremeu na decisão dos 11 metros e deu um verdadeiro recital com 115 passes certos em 129 tentados (eficácia de 89%), 15 passes aproximativos, 141 acções com o esférico, uma acção defensiva no meio-campo adversário, uma intercepção e dois desarmes.
Verratti 6.7 – Esteve ligado ao lance do empate com um cabeceamento que embateu nos ferros e, além disso, orquestrou dois passes para finalização, quatro valiosos, falhou apenas sete passes em 118 feitos (94% de eficácia), recuperou a posse em oito ocasiões, contabilizou cinco desarmes e quatro acções defensivas no meio-campo adversário.
Chiesa 6.0 – Foi o primeiro a dar a cara na fase de domínio inglês com dois lances de génio. Foi traído por uma lesão, mas até sair rematou três vezes, fez quatro passes valiosos, três cruzamentos, acertou três dos quatro dribles tentados e foram cinco as acções com a bola na área inglesa.
Emerson 5.9 – Teve pouca ajuda e passou um mau bocado com as constantes intervenções de Sterling e Trippier, mas depois da tormenta surgiu afoito no ataque, onde coleccionou quatro cruzamentos, dois passes valiosos, quatro conduções aproximativas, foi eficaz nos três dribles que arriscou, recuperou a posse em oito ocasiões e realizou cinco desarmes.
Donnarumma 5.8 – Sem culpas no golo sofrido foi determinante na hora H com duas intervenções que abriram o champanhe italiano.
Bernardeschi 5.6 – Substituiu o lesionado Chiesa e foi importante, ajudando a manter a bitola junto à área inglesa. Esteve perto do golo no prolongamento e foi certeiro na decisão por penalties.
Chiellini 5.6 – Forma com Bonucci uma dupla de sonho. Levou a melhor em cinco dos oito duelos aéreos defensivos em que interveio, contabilizou seis alívios (máximo no jogo) e foi decisivo com um corte que impediu que Sterling marcasse aos 110 minutos.
Jorginho 5.5 – O especialista falhou uma grande penalidade que poderia ter sido decisiva e pode agradecer a Donnarumma a mão amiga que este lhe deu. Esteve quase perfeito no capítulo do passe – quatro falhados em 99 tentados (96% de eficácia) -, recuperou a posse em quatro ocasiões, foi responsável por cinco acções defensivas no meio-campo inglês, três desarmes e quatro intercepções.
Destaques de Inglaterra
Stones 6.2 – Esteve perto de vestir a pele de herói aos 108 minutos, com um cabeceamento perigoso, tendo ainda feito quatro alívios e bloqueado dois remates italianos.
Declan Rice 5.7 – Até sair aos 70 minutos, estava a ser um dos melhores jogadores em campo com quatro dribles eficazes, outras tantas acções defensivas no meio-campo transalpino e seis desarmes.
Luke Shaw 5.7 – Estreou-se a marcar com as cores da selecção nesta final. Sempre que conseguiu, carrilou as despesas pelo seu flanco, tendo criado seis passes valiosos, sete aproximativos e bloqueado três passes/remates dos adversários.
Grealish 5.6 – É um dos enigmas desta selecção. Porque razão não joga mais tempo? Em apenas 22 minutos conseguiu ter a sexta melhor nota entre os ingleses graças a um remate, dois passes para finalização, 13 acções com o esférico e dois dribles eficazes em outros tantos feitos.
Trippier 5.3 – Fez a assistência que redundou no golo de Shaw e até sair cruzou em três ocasiões, teve 30 acções com a bola e recuperou a posse duas vezes. Punido pelos dribles consentidos.
Saka 5.2 – Ainda tentou dar outra acutilância ao ataque inglês (quatro acções com a bola dentro da área, um passe falhado em dez tentados e duas intercepções). Porém, não conseguiu bater Donnarumma e a Itália fez a festa.
Kane 4.4 – Foi determinante na forma como construiu os ataques na primeira parte, mas sucumbiu na etapa final e nunca mais deu sinais de vida, não fez nenhum remate em 120 minutos e levou a melhor em apenas cinco dos 11 duelos aéreos defensivos em que participou.
Muito bom!!
Nada como ganhar aos ingleses na sua casa.
Se hoje de manhã algumas partes de Londres já pareciam zonas de guerra, imagino como estarão agora…
Melhor que ganhar aos ingleses em sua casa foi ganhar aos franceses na casa deles! 😀
Sem dúvida!