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Israel quer leiloar bens doados pela União Europeia aos palestinianos

Abir Sultan / EPA

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

A tensão entre Israel e a União Europeia (UE) está a aumentar. Tudo por causa de bens doados pela UE aos palestinianos, para a construção de escolas, que foram confiscados pelas autoridades israelitas.

A UE quer recuperar os materiais que foram apreendidos por Israel sob a alegação de que as escolas pré-fabricadas com os bens doados foram construídas de forma ilegal. Os planos de Israel passam por os leiloar, como é habitual nos casos de apreensões na Palestina.

As autoridades israelitas planeavam vender os bens num leilão público, nesta semana. Mas este foi adiado depois de várias notícias terem reportado a intenção do Governo de Israel e de a UE ter manifestado o seu desagrado.

Oficialmente, o adiamento é justificado por razões “técnicas”, mas parece evidente que Israel procura alcançar um entendimento com a UE para evitar que as relações diplomáticas entre as partes se deteriorem ainda mais.

O jornal israelita Haaretz adianta que a UE terá rejeitado um acordo com Israel que passava por recuperar as estruturas em troca do compromisso de não as doar novamente aos palestinianos sem que Israel autorize um “plano adequado de construção”.

A UE espera recuperar os bens sem qualquer contrapartida, alegando que está a actuar ao abrigo do “direito humanitário internacional”. Assim, apela às autoridades israelitas para “devolverem os itens confiscados sem pré-condições, o mais brevemente possível”.

Caso contrário, devem fornecer uma “compensação sem demora pelos bens desmantelados”, destaca a UE numa nota pública, realçando que “o prejuízo financeiro directo” que lhe é causado devido à apreensão é de “15.320 euros”.

Reconhecendo que Israel tem o poder “administrativo” e a “responsabilidade de segurança” da zona, a UE frisa que o Governo do país também tem “a obrigação de proteger e de facilitar o desenvolvimento para a população local“, bem como “conceder acesso sem restrições à assistência humanitária”.

Os materiais doados pela UE foram confiscados em Outubro de 2018 quando as autoridades israelitas desmantelaram dois edifícios pré-fabricados que deveriam ser usados como salas de aula por 49 crianças palestinianas em Ibziq, localidade perto de Nablus, no norte do território.

Nessa altura, Israel confiscou também tendas à comunidade Al-Hadidiya perto do Vale do Jordão.

Este tipo de apreensões são recorrentes na Palestina e, por norma, Israel leiloa os bens confiscados ao cabo de 90 dias, caso os seus proprietários não os reclamem.

A UE teme que as estruturas apreendidas sejam vendidas a colonos israelitas.

SV, ZAP //

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