22 mortos, um cessar-fogo assinado, militares nas fronteiras. A falsa paz esconde hostilidades difíceis de travar no Líbano.
Mediado pelos Estados Unidos e pela França, o acordo de cessar-fogo assinado em novembro dava ao grupo libanês Hezbollah 60 dias para pôr termo à sua presença armada no Sul do Líbano e exigia a retirada das forças israelitas no mesmo prazo.
Mas o acordo não foi cumprido.
No domingo, o Ministério da Saúde libanês afirmou que os soldados israelitas mataram 22 pessoas e feriram outras 124 que tentavam regressar às suas casas no sul do país, avança a BBC.
O prazo do cessar-fogo teria terminado este domingo, mas os EUA e o Líbano garantiram que o prazo foi estendido até 18 de fevereiro.
A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, e o tenente-general da ONU Aroldo Lázaro declararam que “os prazos previstos no acordo de novembro não foram cumpridos”.
O porta-voz em árabe das forças armadas israelitas, Avichay Adraee, escreveu no X que o Hezbollah enviou “desordeiros” e está “a tentar aquecer a situação para encobrir a sua situação e o seu estatuto no Líbano e no mundo árabe”.
Admitiu, este domingo, que as forças israelitas que operam na área do sul do Líbano “abriram fogo com o objetivo de remover e remover ameaças em várias áreas onde foram detetados suspeitos a aproximarem-se”.
As forças armadas de Israel, as FDI, têm assegurado que disparam “tiros de aviso em várias zonas”, contra pessoas que consideram uma “ameaça iminente”.
Na aldeia fronteiriça do sul do Líbano, Aita al Shaab, a AP reporta a destruição do local. O antigo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto, mas há ainda quem acredite que esteja vivo e vá salvar o país da destruição, como é o caso do habitante da aldeia Hussein Bajouk.
“Não sei quanto tempo vamos esperar, mais um mês ou dois meses… mas o Sayyed há-de aparecer e falar”, garante. Sayyed é uma alcunha de Nasrallah.
Por entre o som de tiros, do outro lado da fronteira, no kibutz de Manara, Orna Weinberg, um habitante israelita de 58 anos, garante que, “infelizmente, não temos forma de defender os nossos filhos sem prejudicar os filhos deles”. “É uma tragédia para todos os lados”.
Mais de 1 milhão de libaneses abandonaram as suas casas desde o início do conflito armado com Israel (em que o Líbano entrou por “solidariedade” com a Palestina). 112.000 ainda não regressaram.
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