O conselheiro de segurança do governo israelita admitiu este sábado que os serviços de Inteligência cometeram “erros”, perante a sangrenta ofensiva contra Israel lançada pelo movimento islâmico palestino Hamas há uma semana.
“Foi um erro meu, e isto reflete os erros de todos os que fazem as avaliações de Inteligência”, disse o conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, em entrevista coletiva citada pela Agência AFP.
“Realmente, achámos que o Hamas tinha aprendido a lição” da sua última grande guerra com Israel em 2021, acrescentou.
Hanegbi desmentiu estarem em curso quaisquer negociações para uma troca de prisioneiros com o Hamas. “Não há forma de negociar com um inimigo que jurámos exterminar”, afirmou o conselheiro de Segurança Nacional.
Segundo diversos analistas militares, a operação do Hamas foi uma surpresa total para Israel, devido à má interpretação de dados de inteligência e à descoordenação entre departamentos militares e governamentais.
Ninguém na hierarquia militar israelita estava à espera que o grupo islâmico palestiniano pudesse planear meticulosamente e realizar uma operação tão complexa e coordenada a partir de Gaza — o que está a ser visto como um falhanço da sua extensa rede de informadores, agentes e sistemas de vigilância de alta tecnologia.
A própria Mossad, uma das mais temíveis e conceituadas agências de inteligência do Mundo, está a ser colocada em causa pelos israelitas, que estavam calmamente a relaxar ou rezar durante o fim de semana de um feriado religioso quando ouviram soar as sirenes e se viram forçados a refugiar-se em abrigos.
“A rapidez do ataque do Hamas e informações sobre a primeira fase dos combates indicam que os serviços secretos israelitas não alertaram a liderança política e militar do país sobre os combates em preparação pelos palestinianos”, disse a semana passada à Sputnik o analista militar russo Igor Korotchenko.
Segundo o analista, a Mossad e a AMAN, agência de inteligência militar central das Forças de Defesa de Israel, até receberam informação prévia dos preparativos, mas essa informação foi mal interpretada — e em ambas as agências terão ocorrido “falhas na hierarquia de comando e obtenção de informações”.
A 7 de outubo, numa ação com uma magnitude sem precedentes, as forças do Hamas alvejaram posições inimigas, aeroportos e posições militares com 5.000 rockets e ultrapassaram o muro que separa Israel da Faixa de Gaza, realizando ataques terrestres em sete localidades do sul do país.
Mais de 1.300 civis e soldados morreram desde o ataque, e pelo menos 120 pessoas foram sequestradas pelo movimento islamista e levadas para Gaza.
Os bombardeios israelitas contra a Faixa de Gaza, lançados em resposta ao ataque do Hamas, deixaram mais de 2.200 mortos até agora, entre eles mais de 600 crianças, segundo o Ministério da Saúde palestino.
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