“A memória é curta”. Isabel dos Santos despede-se da Sonangol

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Tiago Petinga / Lusa

A empresária angolana Isabel dos Santos

A empresária Isabel dos Santos garante que reduziu a dívida financeira da estatal Sonangol em 6.000 milhões de dólares (5.100 milhões de euros) e que deixa pronto um financiamento “essencial” de 2.000 milhões de dólares, para pagar a petrolíferas.

Esta quinta-feia Carlos Saturnino já assumiu o lugar de Isabel dos Santos, ocupando o cargo de Presidente do Conselho de Administração da “galinha dos ovos de ouro” de Angola.

No instagram, a filha de José Eduardo dos Santos deixou um vídeo no qual fala das “mudanças tremendas” que enfrentou durante estes “últimos 17 meses”, mas “a memória é curta”. “Havia momentos em que nós sabíamos de coisas que tínhamos medo até de partilhar convosco porque não queríamos que percebessem o quão dramático era realmente a situação da nossa empresa”.

Depois, em comunicado enviado às redações, a empresária recorda que a dívida financeira do grupo estatal, quando iniciou funções em junho de 2016, era de 13.000 milhões de dólares (11.000 milhões de euros), cifrando-se atualmente em 7.000 milhões de dólares (5.950 milhões de euros).

“Deixamos ainda à nova administração, como instrumento essencial para a sua gestão, um financiamento no valor de 2.000 milhões de dólares (cerca de 1,6 mil milhões de euros), com assinatura prevista para os próximos dias, que garantirá o pagamento de todos os ‘cash calls’ relativos a 2017, permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros”, lê-se no comunicado.

Sem esquecer João Lourenço, Isabel dos Santos congratulou “o novo executivo pelo desejo de progresso, transparência e eficácia na gestão do bem público. Os mesmos valores mantêm-se no centro da cultura empresarial que a administração cessante implementou na Sonangol, garantindo, assim, o futuro da nossa empresa”.

Segundo o Público, esta despedida contrastou com a que surgiu em Luanda associada ao relatório sobre o setor petrolífero pedido há um mês por João Lourenço, e que foi entregue esta semana por Saturnino, antes de ser anunciada a sua escolha para a Sonangol.

De acordo com o “Jornal de Angola”, o órgão oficial do governo, a “principal constatação” do relatório é a de que há “uma quase paralisia da indústria petrolífera, em resultado de processos de gestão extremamente burocratizados e ineficientes”.

Este jornal diz ainda que o relatório menciona uma “concessionária nacional sem liderança e sem estratégia para desenvolver o papel de impulsionadora da indústria petrolífera”, com um “mau relacionamento” com as outras petrolíferas e “falta de sintonia” com a tutela.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Era tão dramática que esta pessoa enriqueceu ainda mais enquanto lá esteve, talvez daí a situação ter sido tão dramática para a empresa!Está a espera que tenhamos pena dela?

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