A fundação norte-americana Chemical Heritage Foundation acabou de tornar público o conteúdo de um manuscrito do século XVII pertencente ao famoso físico Sir Isaac Newton.
O documento, que inclui descrições de experiências realizadas por Newton, além de escritos de outro químico conhecido, George Starkey, delineia uma receita para “mercúrio filosófico“, que na época se pensava ser um ingrediente-chave na criação da mítica “pedra filosofal”.
Obter uma pedra filosofal era um dos principais objetivos dos alquimistas na Idade Média. Acreditava-se que a substância podia transformar qualquer “metal inferior” (como chumbo, ferro e mercúrio) em ouro.
Além disso, havia a crença nas suas propriedades para oferecer a imortalidade.
“Pensava-se que mercúrio filosófico era uma substância que poderia ser usada para quebrar metais nas suas partes constituintes”, explica James Voelkel, curador de livros raros na Chemical Heritage Foundation, ao site Chemistry World.
A receita
O texto foi identificado como uma cópia de um documento anterior com o mesmo título, escrito pelo famoso alquimista do século XVII Ireneu Filaleto (que pode ter sido um pseudónimo de George Starkey, químico formado em Harvard), que Newton usou como referência para as suas próprias experiências alquímicas.
A primeira versão conhecida impressa desta receita foi publicada em 1678, pelo que Newton pode ter escrito à mão a sua própria cópia antes disso.
Durante séculos, a pedra filosofal foi o objeto mais procurado da alquimia, até que os cientistas descobriram que essa prática e tudo que ela prometia era totalmente impossível e nem sequer valia a pena perseguir.
Não está claro se Newton de fato chegou a tentar fazer a receita de mercúrio filosófico, mas Voelkel afirma que “não teria sido estranho” se o físico o tivesse tentado.
Outras experiências
Apesar de não sabermos se Newton tentou criar uma pedra filosofal, conhecemos outras experiências nas quais estava a trabalhar na altura, graças às notas que rabiscou à volta da receita copiada.
“Acontece frequentemente com os manuscritos de Newton. Se ficam por perto por tempo suficiente, ele vira as folhas e escreve outra coisa na parte de trás”, diz Voelkel. “Nesta ocorrência, há uma nota de uma experiência que ele fez. É uma receita para destilar um líquido volátil a partir de minério de chumbo“.
O documento foi originalmente vendido ao lado de dezenas de outros por parentes de Newton a coleções particulares durante os anos 1930, e desde então têm voltado para instituições públicas, incluindo lugares pelos quais o físico passou, como a Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
A Chemical Heritage Foundation digitalizou o manuscrito e ele ficará disponível no The Chymistry of Isaac Newton Project, um banco de dados online hospedado pela Universidade de Indiana, nos EUA, que qualquer pessoa pode acessar gratuitamente.