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Um irritado Rui Moreira queixa-se ao Vaticano e não dá mais um tostão à Igreja no Porto

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Diocese do Porto é “agente imobiliário privado”, presidente da Câmara sente-se insultado pelo bispo Manuel Linda.

A reunião do Executivo da Câmara Municipal do Porto até começou com um voto de pesar pela morte do Papa Francisco.

Mas, no encontro desta terça-feira, o tom mudou claramente quando, logo a seguir, o assunto passou a ser a alienação de imóveis no bairro das Eirinhas e em Miragaia por parte da Diocese do Porto.

Nas Eirinhas há casas que são da diocese, foram alvo de uma permuta, o novo proprietário é uma empresa de construção civil – e os moradores temem ficar sem casa, explica o Jornal de Notícias.

Já em Miragaia, na zona histórica, foram permutados três prédios por três T1 na Boavista.

A igreja admitiu ao presidente da Câmara do Porto que fez permutas para tirar a possibilidade de a Câmara – ou dos moradores – exercer o direito de preferência (no caso de Miragaia). Foi o próprio Rui Moreira que revelou essa parte.

Não há mais dinheiro

O presidente da Câmara do Porto, em resposta ao voto de protesto da CDU sobre este assunto, lembrou (a partir dos 30m30s no vídeo acima) que a relação entre a Igreja Católica e o Porto “sempre foi complexa”, ainda antes de Portugal ser Portugal.

E agora estão evidentes as divergências: para Rui Moreira, a diocese do Porto está a ser um “agente imobiliário privado” e está a impedir os moradores de continuarem nas suas casas.

Em causa, lembrou, estão casas oferecidas à Igreja Católica para garantir os direitos históricos daqueles moradores.

Com este esquema das permutas para impedir o direito de preferência da Câmara, Rui Moreira atacou: “Preocupa-nos muito que esta matéria seja analisada pela Igreja Católica de uma forma economicista como se fosse um qualquer agente imobiliário – ainda por cima recorrendo a truques”.

O presidente da autarquia, que estava claramente irritado, diz que se sentiu insultado pelo bispo do Porto, Manuel Linda, quando este respondeu à sua carta sobre um pedido: “No futuro, sempre que quiserem alienar património desta natureza, não faria mal nenhum consultar a Câmara” – mas chegou uma “resposta insultuosa, é uma não resposta”.

Mais à frente, revelou: “Aquilo que nos disseram foi que não têm nada que se lembrar de nós”.

E não há mais dinheiro para a Igreja Católica: “Bem sei que estou de saída mas, pela minha parte, até que eu saia, não haverá nenhuma deliberação, que trarei aqui ou que vote favoravelmente, no sentido de contribuir com qualquer tostão que seja para a Igreja Católica – na medida em que eles deixaram de se comportar como aquilo que são, para se passarem a tratar como um agente imobiliário privado”.

Mas depois, continuou o presidente da Câmara Municipal do Porto, “quando é preciso arranjar a igreja de São João da Foz ou a Igreja Matriz da Campanhã, os párocos vêm aqui bater a porta porque a igreja não tem dinheiro e então ja é interesse patrimonial da cidade.”

Rui Moreira anunciou que vai escrever uma carta ao núncio apostólico – representante do Vaticano e responsável pela nomeação do bispo – “dando nota da nossa preocupação e que a Igreja não se está a comportar como é tradição na cidade do Porto, com todas as consequências que isso tenha”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

8 Comments

  1. Rui Moreira tem toda a razão, a Diocese do Porto é uma vergonha, depois queixem-se do afastamento dos devotos.
    Interessa é o dinheirinho.

  2. Isto é um escandalo monumental tanto para a Igreja como para a Justiça.
    Anda o Diabo com o Decreto na mão a expulsar as pessoas das suas Habitações.
    A atitude da Igreja é semelhante ao evangelho João 2:13-22, Jesus contra os negociantes do Templo.
    Esse truque Juridico, deveria poder ser reversível, as “Raposas astutas escondidas em Tocas” não se podem ficar a rir dos seus truques. Se assim for a Jutiça como tal é uma farsa.

  3. Tudo encenado entre o Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» e o dr. Manuel Linda, este último fez aquilo que o primeiro e o regime lhe permitiram fazer, existem Leis, Regulamentos, e Regras, assim como entidades responsáveis para as fazer cumprir em relação a tudo o que acontece numa Região, e respectivas Cidades, Vilas, e Aldeias, é impossível gerir imóveis sem dar conta das operações às respectivas entidades daquilo que se está a fazer, quando isso acontece é porque por trás existe um indivíduo ou grupo de indivíduos a auxiliar na prática do crime ou irregularidade.
    É um caso com pano para mangas, em notícia anterior aqui publicada (https://zap.aeiou.pt/diocese-porto-vendeu-imoveis-230-mil-euros-671372) ficou-se a saber que os moradores das «…15 casas, habitadas há gerações por famílias pobres…», casas essas «…doadas há mais de 60 anos por uma benemérita à Igreja com a condição de que não fossem vendidas nem as rendas aumentadas…» terão «…sido vendidas por cerca de 230 mil euros – aproximadamente 15 mil por unidade. Os moradores afirmam que, se tivessem tido oportunidade, teriam comprado as suas habitações por esse valor…».
    Isto demonstra que afinal os moradores dessas casas que «…terão sido doadas com a condição de serem usadas para fins sociais…» afinal são ricos e podem desembolsar facilmente 15 mil Euros.
    Sobre o seguimento que está a ser feito pela comunicação social relativamente a este assunto, a Cidade do Porto e os Portuenses repudiam vigorosamente a associação e uso indevido da entidade e nome da Diocese do Porto a este caso, o dr. Manuel Linda – que é quem deve ser visado – não representa a Diocese do Porto (entidade com cerca de 1453 anos de existência) nem os Portuenses (sejam eles católicos ou não).
    Por último, esta tomada de posição por parte do Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» é uma vez mais vergonhosa, demonstra novamente toda a mediocridade e má-intenção da sua governação Autárquica de 2014 até à presente data, esperemos que caso venha a existir a intervenção da Polícia Judiciária e do Ministério Público neste caso assim como de outras entidades, não se verifique a colaboração moral deste Executivo que agora aparece muito indignado; a diferença entre o dr. Manuel Linda e o Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» é nenhuma.
    Como disse o Presidente Rui Rio quando questionado pelo(a) jornalista sobre o «Caso Selminho» em que o Ministério Público provou de forma inequívoca a prática de crime por parte deste Executivo, respondeu: «Se fosse só isso…».

    • O bispo é o representante da igreja
      Tanto que faz negócios com o património da igreja
      E claro que nessa permuta aparentemente pouco vantajosa pra igreja, houve alguma compensação pro bispo que de parbo não tem nada

      • Até podia ser o bispo pessoal do Papa ou do Universo, o dr. Manuel Linda e os seus actos não representam a Diocese do Porto (entidade com cerca de 1453 anos de existência) nem os Portuenses (sejam eles católicos ou não), e isto não é de agora por causa deste caso, é desde que o mesmo aqui foi colocado.
        A diferença entre o dr. Manuel Linda e o Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto», é nenhuma.

    • Deve estar a gozar com a cara dos pobres…
      Comprar uma casa por 15 mil euros só os ricos???
      Nem que eu ficasse a pagar um empréstimo por cinquenta anos e a comer uma só refeição diária, nunca recusaria um negócio desses. ainda mais se já morasse na casa.
      Encomendaram-lhe algum recado??

      • Esse um dos tais aloucados , marxistas, que andam por aí a “Mentalizar” o povoado com patetices.
        De facto, a comunada instlada no Pais no 25.4, trouxe essa para cá que Ricos só os que vivem do Estado, os outros são por serem privados automaticamente todos Ricos e toca a perseguir com taxas, taxinhas, e mais isto e aquilo.
        Ter 1€ solto no bolso , para esses é Rico. Cambada de Aberrados da Natureza.

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  4. Tão zangadinho que o Moreira ficou com o Linda. De certeza que não terá sido pelos lindos olhos dos pobres moradores. Na volta, o bispo foi-lhe estragar algum negócio que teria em vista.

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