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“Ponham fim ao sofrimento”. Irmão de George Floyd pede justiça no Congresso

Michael Reynolds / EPA

Philonise Floyd, irmão de George Floyd

O irmão de George Floyd fez, esta quarta-feira, um forte apelo ao Congresso norte-americano para que os seus eleitos “ponham fim ao sofrimento” dos afro-americanos e que adotem reformas significativas das forças policiais.

No dia seguinte ao funeral de George Floyd, o seu irmão, Philonise Floyd, foi ouvido pela Comissão Judiciária da Câmara dos Representantes, de maioria democrata. Muito emocionado, explicou que “não conseguia descrever a dor” que sentia ao ver o vídeo da sua provação, ao que chamou “linchamento dos tempos modernos”.

“Estou aqui para vos pedir que ponham fim ao sofrimento, que ponham fim ao nosso esgotamento”, apelou. “Ouçam o meu apelo, ouçam os apelos da minha família, os apelos que vêm das ruas de todo o mundo”, acrescentou, referindo-se aos protestos que se seguiram à tragédia, os maiores desde o movimento dos direitos civis nos anos 60.

E defendeu: “Honrem-nos adotando as reformas necessárias para garantir que a aplicação da lei seja a solução e não o problema”.

Façam com que prestem contas quando fazem mal, ensinem que tratar as pessoas com empatia e respeito, e ensinem-nos que a força letal só deve ser aplicada quando está em jogo uma vida”, enumerou.

A sua audição, juntamente com representantes da polícia e da sociedade civil, foi organizada para apoiar um projeto de lei apresentado por eleitos democratas, no início desta semana, que visa “mudar a cultura” no seio das forças policiais dos EUA.

A nível federal, o Justice and Policing Act, apoiado por mais de 200 eleitos maioritariamente democratas, pretende, entre outras coisas, criar um registo nacional para os agentes policiais que cometam infrações, facilitar os procedimentos legais contra os agentes e repensar o seu recrutamento e formação. Mas o futuro da lei está seriamente comprometido no Senado, de maioria republicana.

Não podemos fazer vista grossa ao racismo e à injustiça que permeia demasiadas das nossas forças policiais”, disse Jerry Nadler, o chefe da comissão, ao abrir a reunião. “A nação exige que atuemos para provocar uma mudança significativa”, adiantou.

Entretanto, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, apelou à retirada das estátuas das figuras da Confederação do Capitólio, enquanto os protestos antirracismo relançam o debate sobre o lugar a atribuir aos defensores do esclavagismo.

“Apelo mais uma vez para remover do Capitólio as 11 estátuas que representam militares e dirigentes confederados. Estas estátuas celebram o ódio, não o nosso património”, escreveu Pelosi no Twitter.

George Floyd, afro-americano de 46 anos, morreu a 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas (e noutros países), algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Pelo menos 10 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades.

Ao grito de Black Lives Mater, denunciaram a “brutalidade policial”, que visa desproporcionadamente os afro-americanos. Quase um quarto das mil pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras, apesar de representarem apenas 13% da população americana.

Os manifestantes querem também pôr fim à ampla impunidade de que gozam os agentes da polícia. Nos últimos 15 anos, apenas 110 agentes foram acusados de disparar contra um suspeito.

ZAP // Lusa

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