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Emoção, revolta, saudações da polícia e actores no funeral de George Floyd. Polícia divulgou novo vídeo

EPA / Aaron M. Sprecher

Funeral de George Floyd em Houston, Texas, nos EUA.

Milhares de pessoas reuniram-se em Houston, no Texas, para o último adeus a George Floyd, o afro-americano que morreu depois de ter sido asfixiado por um polícia. Numa cerimónia repleta de emoção e revolta, marcaram presença actores conhecidos e a polícia saudou o caixão dourado do homem que está a mudar a América.

Depois dos inúmeros protestos contra a brutalidade policial e o racismo, as lágrimas e a emoção marcaram o último adeus a George Floyd, cujo funeral decorreu nesta sexta-feira, em Houston, no Texas, a sua terra natal.

O amigo de Floyd, Jonathan Veal, conta à CNN que ele lhe tinha um dia, numa conversa quando eram jovens estudantes, que queria “tocar o mundo”. Palavras que foram “proféticas”, uma vez que Floyd “está a ter, literalmente, um impacto global”, como nota Veal.

Quando o caixão dourado com os restos mortais de Floyd foi levado para a carruagem, guiada por cavalos brancos, que o transportou para a sua morada final, a polícia saudou-o num gesto muito significativo.

Floyd foi enterrado ao lado da sua mãe, por quem chamou enquanto estava a ser asfixiado pelo agente Derek Chauvin que não parou, embora ele se queixasse de não conseguir “respirar”.

Na cerimónia religiosa, marcaram presença os actores Channing Tatum e Jamie Foxx, este usando uma máscara com a inscrição George Floyd.

A sobrinha de George Floyd, Brooke Williams, protagonizou o momento mais alto da cerimónia quando discursou, criticando um “sistema corrupto e desfeito”, cujas Leis estão feitas em desfavor das pessoas negras.

“Estas leis precisam de ser mudadas”, apelou. “Não queremos mais crimes de ódio, por favor”, disse ainda.

“Alguém disse façam da América grande outra vez. Mas quando é que a América alguma vez foi grande”, perguntou também, com o dedo apontado a Donald Trump.

“Aqueles quatro agentes estiveram, literalmente, em cima dele durante 9 minutos e nenhum deles mostrou que tem coração ou alma”, disse ainda, lamentando que “não foi apenas um homicídio, foi um crime de ódio“.

Também marcaram presença no funeral alguns familiares de outras vítimas negras que morreram às mãos de polícias, nomeadamente Pamela Turner, Botham Jean, Michael Brown e Eric Garner.

Esteve igualmente na cerimónia a família de Ahmaud Arbery, o jovem negro de 25 anos que foi abatido por dois homens que o consideraram suspeito de roubo quando ele estava, simplesmente, a correr.

Pedimos mudança. Não podemos perder mais uma vida numa tragédia destas. Alguma coisa tem que mudar”, apela a mãe de Arbery, Wanda Cooper, em declarações à CNN.

Vídeo mostra os quatro polícias em cima de Floyd

Entretanto, a polícia de Minneapolis, onde ocorreu a morte, divulgou um novo vídeo da detenção de George Floyd. São imagens muito editadas e com partes do áudio silenciadas, além de haver umas zonas tapadas com faixas negras, que mostram um dos agentes que foi despedido a interrogar Floyd, antes de este ter sido imobilizado com o joelho.

O vídeo foi filmado pela Câmara afixada ao corpo de um agente que chegou ao local quando a vítima já tinha sido detida. Este agente não terá estado envolvido no incidente que resultou na morte do homem e estaria a controlar um veículo nas imediações.

Entretanto, os media norte-americanos revelam outras imagens que mostram que, a dado momento, todos os agentes implicados na morte estiveram a rodear Floyd, trabalhando em conjunto junto a ele.

George Floyd foi detido por suspeitas de ter utilizado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

O polícia que deixou o seu joelho sobre o pescoço de Floyd, que estava algemado, durante mais de 8 minutos, foi acusado de homicídio em segundo grau e arrisca uma pena máxima de 40 anos de prisão. Os outros três agentes envolvidos estão acusados de homicídio involuntário e de auxílio e cumplicidade a homicídio em segundo grau. Foram todos despedidos da força policial.

Elementos do Conselho Municipal da Cidade de Minneapolis anunciaram a intenção de desmantelar o actual Departamento da polícia local para o refundar. Ao longo dos anos, têm surgido muitas queixas contra este Departamento, com acusações de que tem uma cultura racista e de brutalidade.

Nove dos 12 elementos do Conselho Municipal marcaram presença num protesto, defendendo o desmantelamento do Departamento, conforme anuncia a Associated Press (AP).

“É claro que o nosso sistema de policiamento não está a manter as nossas comunidades seguras”, refere a presidente do Conselho, Lisa Bender, citada pela AP, reforçando que é preciso “acabar o policiamento como o conhecemos e recriar sistemas que nos mantenham, de facto, seguros”.

O Departamento está a ser alvo de uma investigação no âmbito da morte de Floyd e a primeira decisão foi a de banir os procedimentos policiais que impliquem apertar o pescoço de pessoas para as controlar.

Várias outras cidades norte-americanas também seguiram o exemplo, banindo este tipo de actos, enquanto noutras foi também suspenso o uso de gás lacrimogéneo.

SV, ZAP //

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