Há um inseto fêmea que usa o seu “pénis” para penetrar a “vagina” do macho

Kazunori Yoshizawa

Uma espécie de moscas comum nas cavernas no Brasil tem a fisionomia sexual trocada, com as fêmeas a terem “pénis” e os machos a terem “vaginas”.

Sim, leu o título bem. Há uma espécie de moscas, que também tem um apreço especial por comer cocó de morcegos, onde são as fêmeas que têm um órgão reprodutor semelhante a um pénis, que, na hora de acasalar, inserem num buraco semelhante a uma vagina que os machos possuem.

Um novo estudo publicado na Royal Society Open Science utilizou tomografia de microcomputadores para criar modelos 3D dos insetos a acasalar em cavernas no Brasil, para que os cientistas consigam perceber como funcionam estas estruturas e determinar como surgiu esta reversão genitar completa.

A pesquisa confirmou que, ao contrário de outras espécies, como as hienas ou os elefantes, em que as fêmeas também têm órgãos sexuais salientes, o ginossomo — o nome técnico do “pénis” destes insectos — é mais complexo.

Usando ganchos na base do ginossomo, as fêmeas conseguem agarrar-se aos machos durante imenso tempo, chegando até às 70 horas, escreve o Science Alert.

Um grupo de músculos ajuda o ginossomo a penetrar o macho, onde este incha à medida que suga o seu esperma. Outro grupo contrai o órgão, para este poder depositar o esperma em pequenas ranhuras de armazenamento no corpo da fêmea.

“Esta característica única torna a competição entre as fêmeas mais intensa, favorecendo a evolução de um pénis feminino“, escreve a equipa.

Com dois órgãos de armazenamento de esperma, as fêmeas conseguem arrecadar o dobro da quantidade. Este espaço extra pode explicar por que é que estes insectos são tão activos na sua busca por sémen.

Há ainda um outro propósito para este esperma, para além das funções reprodutoras. Nos ambientes das cavernas, onde há poucos recursos, os nutrientes do sémen podem ser essenciais. Isto pode explicar por que é que há fêmeas que recolhem esperma mesmo quando ainda são demasiado jovens para se reproduzirem.

Adriana Peixoto, ZAP //

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