Inovação revolucionária: já é possível tocar e interagir com um holograma

Investigadores da Universidade de Glasgow desenvolveram um holograma no qual não só conseguimos tocar, mas também sentir.

Segundo o The Conversation, no século XXI, os hologramas já estão a ser utilizados de várias formas, tais como em sistemas médicos, educação, arte, segurança e defesa.

Os investigadores ainda estão a desenvolver formas de utilizar lasers, processadores digitais modernos, e tecnologias de deteção de movimento para criar vários tipos diferentes de hologramas, que poderiam mudar a forma como interagimos.

Agora, um grupo de investigação da Universidade de Glasgow desenvolveu um sistema de hologramas de pessoas, através de “aerohaptics”, criando a sensação de toque nos dedos, mãos e pulsos das pessoas com jatos de ar.

O estudo foi publicado em setembro na Advanced Intelligent Systems.

Com o tempo, esta inovação pode tornar possível conhecer um avatar virtual de um colega, do outro lado do mundo, e sentir realmente o seu aperto de mão. Podem até ser os primeiros passos para a construção de algo como um holodeck.

Para criar esta sensação de toque, foram usadas peças acessíveis e comercialmente disponíveis, para associar gráficos gerados por computador a jatos de ar cuidadosamente direcionados e controlados.

Ravinder Dahiya et al

De certa forma, é um passo além da atual geração de realidade virtual, que normalmente requer um headset que fornece gráficos 3D e luvas inteligentes ou controladores portáteis, para fornecer um feedback tátil — um estímulo que se assemelha ao toque.

A maioria das abordagens baseadas em tecnologia que se “veste” estão limitadas ao controlo do objeto virtual que está a ser exibido.

Controlar um objeto virtual não dá a mesma sensação de quando duas pessoas se tocam. Ao acrescentar uma sensação de toque artificial, pode ser possível proporcionar a dimensão extra, sem ter de usar luvas para sentir os objetos, e por isso sente-se de uma forma mais natural.

O investigação utilizou gráficos que forneciam a ilusão de uma imagem virtual em 3D. É uma variação moderna de uma técnica de ilusão do século XIX, conhecida como Pepper’s Ghost, que entusiasmou os apreciadores do teatro vitoriano com visões do sobrenatural em palco.

Os sistemas utilizam vidro e espelhos para criar uma imagem bidimensional a pairar no espaço, sem a necessidade de qualquer equipamento adicional. E a sensação  táctil é criada através de jatos de ar.

Uma das formas usadas para demonstrar as capacidades do sistema “aerohaptic” é uma projeção interativa de uma bola de basquetebol, na qual se pode tocar, rebolar e driblar de forma convincente.

Os utilizadores também sentem o formato arredondado da bola, enquanto esta toca na ponta dos seus dedos, enquanto ressalta, e quando choca com a palma da mão, no momento de regresso.

Os utilizadores podem até empurrar a bola virtual com força variável e sentir a diferença entre um empurrão mais forte ou mais suave, na palma da mão.

Conseguir cheirar é o próximo passo

Em breve, os investigadores esperam ser capazes de modificar a temperatura do fluxo de ar, para permitir que os utilizadores sintam as superfícies quentes ou frias.

Estão também a explorar a possibilidade de adicionar aromas ao fluxo de ar, melhorando a ilusão, e permitindo aos utilizadores cheirar diferentes objetos.

À medida que o sistema se expande e se desenvolve, a equipa espera que possa servir para uma gama variada de setores.

Proporcionar experiências de jogos de vídeo mais absorventes sem ter de usar equipamento complexos e videoconferências mais realistas são alguns dos objetivos da equipa de investigação.

Pode também ajudar em tratamentos, e fazer com que os doentes se sintam mais envolvidos e informados no processo.

Os médicos poderiam ver assim, sentir e discutir as características das células tumorais — e até mostrar aos pacientes os planos para um procedimento médico.

Alice Carqueja, ZAP //

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