Um milhão de fumadores em Inglaterra vão receber um kit gratuito de cigarro eletrónico como estímulo para que deixem de usar produtos de tabaco.
Mulheres grávidas também vão receber até 400 libras (cerca de 455 euros) para pararem de fumar. As iniciativas fazem parte de um pacote de medidas apresentado pelo governo nesta terça-feira.
Também será lançada uma consulta pública sobre como fabricantes de cigarros devem inserir nos maços de cigarros instruções para os utilizadores sobre como deixar de fumar.
Ao mesmo tempo, instituições de caridade alertaram que a troca de cigarros por cigarros eletrónicos, conhecidos como vapes, “não é nem de longe suficiente” para combater o vício.
O pacote de medidas também inclui uma repressão às vendas ilícitas e a menores de idade.
O governo comprometeu-se a reduzir as taxas de tabagismo em Inglaterra para menos de 5% até 2030. Quase um em cada cinco fumadores em Inglaterra receberá um kit juntamente com uma cartilha comportamental, informou o governo.
“Trocar para parar”
A política de distribuição gratuita do kit de cigarro eletrónico — apelidada de “swap to stop” (“trocar para parar”) — é a primeira deste tipo no mundo.
“Até dois em cada três fumadores ao longo da vida morrerão por fumar. Cigarros são o único produto à venda que pode matar se usado corretamente”, diz o ministro da Saúde britânico, Neil O’Brien.
Estima-se que 9% das mulheres ainda fumem durante a gravidez em Inglaterra. Segundo o governo, estudos indicam que incentivos financeiros e apoio comportamental podem ser eficazes.
O Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC, na sigla em inglês), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, disse que daria detalhes sobre como esse esquema funcionará “no devido tempo”.
A iniciativa custará 45 milhões de libras (cerca de 51 milhões de euros) e deve ser financiada pelo orçamento da Saúde, mas administrado pelas autoridades municipais.
Deborah Arnott, diretora-executiva da ONG Action on Smoking and Health, que consciencializa sobre os malefícios de fumar, disse que políticas como a que será anunciada são “passos bem-vindos na direção certa”.
No entanto, alertou que as mudanças “não são suficientes”, já que o prazo para Inglaterra se tornar “livre de tabaco” — 2030 — está próximo.
Em 2019, os ministros comprometeram-se a acabar com o tabagismo — definido como taxas abaixo de 5% — até ao final da década. Em 2021, a prevalência de tabagismo em Inglaterra era de 13%, a mais baixa já registada.
Mas uma revisão da meta de 2030, publicada no ano passado, mostrou que demorará pelo menos mais sete anos para a meta ser alcançada, se outras ações não forem tomadas.
Javed Khan, autor do estudo, defendeu uma série de novas medidas, incluindo a proibição de fumar em espaços ao ar livre, como praias e esplanadas. Também propôs aumentar a idade mínima para comprar produtos de tabaco para 18 anos, em um ano, todos os anos, “até que ninguém possa comprar um produto de tabaco neste país”.
O mesmo relatório recomendou a promoção do cigarro eletrónico como alternativa ao tabaco, mas disse que os cigarros eletrónicos não são uma “bala de prata” ou “totalmente isentos de riscos”.
Embora o governo queira encorajar fumadores adultos a trocar cigarros “convencionais” por eletrónicos, há preocupações com a crescente popularidade dos produtos entre menores de idade.
Números do NHS, o serviço de saúde pública do Reino Unido, divulgados no ano passado revelaram que 9% dos alunos do Ensino Médio usam cigarros eletrónicos regular ou ocasionalmente, incluindo quase um em cada cinco jovens de 15 anos.
O governo anunciou no início desta semana esforços para reprimir a venda ilegal de cigarros eletrónicos para menores de 18 anos.
Uma consulta pública sobre como os jovens podem ser desencorajados a adquirir o hábito também está a ser lançada esta terça-feira.
// BBC Brasil