Inflação já obrigou dois terços dos portugueses a cortar na alimentação

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97% dos portugueses já notaram o impacto da subida dos preços, com destaque para as compras no supermercado e nos combustíveis. 46% dos inquiridos dão nota negativa à resposta do Governo.

Uma nova sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF procurou saber como os portugueses estão a lidar com a inflação — que chegou aos 8% em Maio — e a avaliação que fazem da resposta do Governo à escalada de preços.

Quase todos os portugueses já notaram a inflação na carteira — 97% dizem que já sentiram o aumento dos preços, sendo que quase 40% afirmam que notaram as subidas principalmente no supermercado e nos combustíveis.

No caso dos combustíveis, 60% confessam que a subida dos preços obrigou à mudança de hábitos, tendo 58% abdicado dos passeios de carro e 23% passado a andar mais a pé. Já 13% passaram a usar mais os transportes públicos.

No supermercado, 68% também mudaram os hábitos de compras, com 34% a admitir que tiveram de reduzir o consumo de certos produtos alimentares e 25% a afirmarem que cortaram totalmente o consumo de alguns produtos devido aos preços.

Relativamente ao crédito à habitação, que 68% dos inquiridos contraiu, 28% acreditam que a subida das taxas de juro vai ter um impacto grande na sua carteira e 13% consideram mesmo que o aumento terá efeitos muito grandes. 34% acham que o peso da subida no orçamento familiar será médio, 10% acham que será pequeno, 7% acham que será muito pequeno e 8% não sabem.

A subida dos preços também obrigou 57% dos inquiridos a adiar uma despesa que tinham nos planos — 30% cancelaram as férias, 23% não compraram um eletrodoméstico, 21% adiaram a compra de um carro e 18% adiaram a compra de uma casa.

Sobre a resposta do Governo à escalada dos custos, 46% dos inquiridos acreditam que a postura do executivo é negativa e apenas 14% a avaliam no positivo. Mais especificamente: 23% acham que é muito má, 23% acham é má, 37% acham que nem é boa nem é má, 10% acham que é boa e 4% acham que é muito boa.

Quase 90% das pessoas acredita que serão precisas mais medidas para se responder à subida dos preços, com 67% a exigirem uma maior intervenção para travar os aumentos nos bens essenciais e na energia enquanto que 60% pedem um corte nos impostos. 44% querem também mais apoios para as famílias carenciadas.

Adriana Peixoto, ZAP //

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9 Comments

  1. Os portugueses precisam de comer menos. A maioria está com excesso de peso.
    Nesse capítulo, a inflação é bem-vinda.

  2. Eu deixei de comprar preservativos. No curto prazo poupo dinheiro mas no futuro terei mais encargos. No fundo, faço como o governo, chuto o problema para a frente.

    • Muito bem! Mas se substituir a “rega do jardim” por “puxar o lustre ao instrumento” sairá a ganhar, tanto agora como no futuro. É uma questão de “investir” no presente para garantir o equilíbrio económico-financeiro no futuro….

  3. Já nem falo em carro. O meu está na garagem que sempre teve, debaixo de um pinheiro, com o depósito sequinho que nem uma pinha em agosto. Embora já se tenham oferecido para o comprar, não vendo aquela “lata”, porque simplesmente nunca mais terei dinheiro na vida para comprar outro. Faço as minhas deslocações numa velha bicicleta, que anda de esguelha, por ter dado mais tombos do que o ano tem de dias. Mas é um perigo, porque há dias um autocarro de passageiros ultrapassou-me a tal velocidade que o cone de vento traseiro me puxou acabando por me atirar para dentro da valeta, onde me arranhei todo e fiz um corte na sobrancelha. Acabou por parar quinhentos metros à frente e sai de lá um gajo de óculos escuros, máscara higiénica e ar de pavão a chamar-me bêbado e outros mimos. Felizmente, um senhor parou na faixa oposta e, vendo a cena, chamou a GNR, que chegou quando eu pedia meças ao dito pavão. Fez os respetivos testes alcoólicos e quem acusou álcool, embora pouco, foi ele. Foi lavrado um auto e não sei o que a coisa vai dar.
    Já quanto à comida, a música é pior, porque à sua frente estão as faturas da luz, do gás, da água e do saneamento, que têm sofrido aumento todos os anos e o gás, agora, está a preço proibitivo, de tal modo que, nas traseiras da casa, voltamos à velha fogueira entre duas pedras bem aparelhadas, nos dias em que não chove. Das oito carcaças diárias que se compravam, já se baixou para seis e a boa carne de porco que se comprava, há pouco tempo, ao redor dos quatro euros o Kg, agora já vai em mais do dobro, exceto quando está em promoção por corresponder a animal abatido há já muito tempo. Resta apenas o toucinho que, não obstante ter subido para mais do dobro, ainda é possível comprá-lo mas em quantidade cada vez menor. Temos de voltar, como em tempos recuados, ao velho galinheiro e armar caça a javalis, onde ainda os houver, já que coelhos e lebres, outrora à fartura, agora só existem em coutos privados, para passatempo de ricos senhores e senhoras, que precisam, não de alimentos – tratam-se a lagosta e pão-de-ló – mas de divertimento e luxuosos orgasmos no seio da natureza. Não sei o que possa vir aí mas, pelo andar da carruagem, o augúrio é péssimo, tocando todos os que trabalham arduamente e não consegue viver desse trabalho, numa pobreza sem remédio. Oh Portugal minha terra… (já ia citar Fernando Pessoa, que aprendi no seminário, para onde fui em menino, por causa da fome)

    • Os meus sinceros parabéns pela fantástica prosa aqui partilhada. Tem seguramente o dom da escrita.
      Escreva livros! Eu compraria!

  4. No combustível não cortam, é frequente ver comprar alimentação mais económica marca branca e depois ir meter gasolina á GALP que é mais cara.

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