Infeções por covid-19 batem recorde em Hong Kong. Política de separação de menores contestada pelos EUA

Jerome Favre / EPA

Departamento de Estado dos Estados Unidos da América desaconselhou os cidadãos a viajar para Hong Kong, alertando para o risco de separação dos menores.

Apesar de em alguns locais do mundo a covid-19 estar, neste momento, a dar tréguas, este não é um cenário global. Em Hong Kong, o número de infeções tem atingido valores recordes e, em função da política das autoridades locais de isolar em infraestruturas destinadas para o efeito todos os casos positivos (mesmo os assintomáticos), os seus hospitais estão sobrelotados. Os números atuais contrastam com os registados nos primeiros vinte meses da pandemia. Durante esse período, foram detetadas 12 mil infeções e 200 mortes, no entanto, a variante Ómicron veio alterar o panorama.

Desde o início de janeiro, contabilizam-se mais de 220 mil casos e o número de mortes diárias sobe às dezenas. Há ainda relatos, por parte de especialistas, que dão conta de números reais muito mais elevados face à decisão dos cidadãos de se auto-isolarem após um teste negativo, optando por não contactar as autoridades de saúde para evitar os isolamentos forçados.

Esta política já deu origem a situações sociais questionáveis, como a separação de filhos menores dos seus pais – quando os bebés ou crianças testam positivo e os progenitores não. Num comunicado emitido ontem, os Estados Unidos da América alertaram precisamente para esta política, desaconselhando os seus cidadãos a viajar para o território. “Em alguns casos, as crianças que tiveram resultados positivos em Hong Kong foram separadas dos pais e mantidas em isolamento até cumprirem os requisitos do hospital local para a alta”, explicou o Departamento de Estado.

A política também já tinha sido “protestado veemente” pelo Reino Unido, apesar de o passo dado pelos Estados Unidos ser único.

Atualmente, as unidades hospitais e mortuárias estão sobrelotados, falta pessoal médico e ambulâncias e há relatos de invasões a supermercados por residentes em pânico. Nos planos das autoridades está também uma testagem em massa a toda a população de Hong Kong (7,4 milhões de pessoas) três vezes seguidas em março, de forma a isolar todos os casos positivos.

Neste sentido, foram requisitadas dezenas de milhares de quartos de hotel e unidades de alojamento público desocupados, e estão a ser construídos vários campos pré-fabricados, com a ajuda da China, para isolar todas as pessoas infetadas. Cerca de 70.000 vagas para isolamento deverão estar disponíveis nas próximas semanas. Ao ritmo atual, mal cobre o número de novas infeções verificadas nos últimos dois dias.

ZAP //

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