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Indústria do pinheiro-bravo em risco se não tiver apoio

A indústria ligada ao pinheiro-bravo corre perigo devido à destruição das plantações pelos incêndios. A ZERO exige apoio na regeneração desta espécie.

A associação ambientalista Zero alertou esta terça-feira para o perigo que corre a indústria ligada ao pinheiro-bravo, devido à destruição de plantações pelos incêndios, e exige apoio na regeneração da espécie, garantindo empregos e retorno económico.

“É muito provável que a área ocupada por povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) em Portugal após os incêndios do passado ano fique abaixo dos 500 mil hectares”, o que “muito em breve irá colocar em risco” a indústria ligada à exploração do pinhal, principalmente as serrações, defende a Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, em comunicado.

Os ambientalistas falam de um “cenário preocupante se a área ardida não diminuir rapidamente”.

Para a Zero, é necessária uma nova geração de políticas públicas na gestão florestal do minifúndio, integrando aquela espécie.

Além disso, “exige-se mesmo que, a muito curto prazo, seja desenhada uma linha de apoio específica para o aproveitamento da regeneração do pinheiro-bravo como parte integrante das medidas dirigidas à instalação de espécie autóctones”, com reforço das verbas do Fundo Florestal Permanente.

A associação considera que bastaria um apoio com fundos comunitários associados de 800 euros por hectare, ou seja, 24 milhões de euros por ano, durante cinco anos, para que fossem conseguidas correções de densidade em áreas atualmente com regeneração natural, podendo chegar a 150 mil hectares, e “ficassem garantidos os postos de trabalho e o retorno económico da fileira”.

A medida teria de ser complementada com a “redução drástica do elevado número de ignições (quase 6.000 ocorrências já em 2018) e com apoios efetivos e reforçados” à criação de sociedades e unidades de gestão florestal, assim como ao controlo periódico de vegetação herbácea e arbustiva por meios mecânicos e com recurso ao fogo controlado.

A associação aponta ainda que “a exploração do pinhal é mais sustentável a prazo que a aposta no eucalipto e existe uma desinformação generalizada junto dos proprietários rurais que urge corrigir”.

Os discursos políticos em relação às populações das áreas rurais devem ser “coerentes com a política de investimentos públicos”, com medidas integradas, de acordo com as características de cada região.

Com base em dados do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e do Centro Pinus, a Associação para a Valorização da Floresta de Pinho, os ambientalistas apontam que a atividade relacionada com a exploração do pinhal era responsável por 80% do emprego na indústria da floresta em 2016, com mais de 54 mil postos de trabalho em 8.458 empresas, representando 46% do volume de negócios.

O pinheiro-bravo, espécie autóctone, já foi a primeira espécie em área ocupada e em 2010 passou a ocupar o terceiro lugar, atrás do eucalipto e do sobreiro, com 714 mil hectares.

// Lusa

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