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Índia. Sem acesso à internet, crianças e jovens estudam debaixo de um viaduto em obras

A Índia é um dos países mais afetados pelo novo coronavírus, e é também um dos países com os níveis de pobreza mais altos. A falta de recursos é uma realidade que chegou às crianças mais pobres, que agora só têm uma saída: estudar debaixo de um viaduto em obras.

Quero a minha escola reaberta e os nossos professores a ensinar-nos como antes. Enfrento muitos problemas diariamente porque não posso receber aulas online”, conta Archana, de 15 anos, à Sky News.

Esta é uma realidade paralela a muitas outras crianças e jovens. “Não tenho acesso às aulas online. Mesmo para quem tem telefone, não há eletricidade para o carregar, e a rede móvel é um problema”, desabafa a jovem aluna indiana.

Embora a educação se tenha tornado online em todo o mundo, as crianças indianas estão a perder as aulas porque não têm acesso a tecnologia. Na Índia as escolas estão fechadas desde março e não há previsões de voltarem a abrir.

Há cinco anos, Satyendra Pal Shakya começou a ensinar as crianças da sua comunidade debaixo de uma árvore nas margens do rio Yamuna. Agora, em época de pandemia, o jovem dá aulas em Deli. Há mais de 120 crianças de todas as idades a estudar na escola gratuita administrada pelo estudante.

A escola começou por ser numa cabana de palha com apenas algumas mesas e bancos, mas devido ao grande aumento de alunos, Shakya foi forçado a dar aulas ao ar livre – debaixo de um viaduto que está em obras. Sentadas em tapetes, as crianças não se deixam incomodar com o barulho dos equipamentos ​​dos trabalhos realizados bem perto do local onde tentam estudar.

Rajesh, um aluno do 10º ano, está sempre presente nas lições e admite que “melhorei a minha matemática desde que comecei a vir assistir a estas aulas. Shakya explica-nos tudo muito bem”.

Uma emergência educacional global

De acordo com um relatório recente da UNICEF, pelo menos um terço das crianças em idade escolar não consegue ter acesso ao ensino à distância enquanto as escolas estão fechadas.

O relatório avança que pelo menos 463 milhões de crianças não conseguem ter acesso a aulas online. Henrietta Fore, diretora executiva da UNICEF, descreveu esta situação como uma “emergência educacional global”.

Pelo menos 1,5 milhão de escolas foram fechadas desde março na Índia, o que afetou 286 milhões de alunos do pré-primário ao secundário. Com a maioria dos indianos a residir em aldeias e cidades rurais, os recursos à internet são ainda mais escassos e inexistentes. Esta situação complica-se ainda mais nas famílias com vários filhos que precisam de partilhar dispositivos com os seus pais e irmãos.

Segundo a Sky News, no caso das crianças da escola de Satyendra, estas vêm de comunidades marginalizadas e algumas são extremamente pobres. Estes jovens vivem em cabanas de barro, sem acesso a bens essenciais como eletricidade ou água potável. Normalmente, os pais trabalham como operários ou mineiros e não conseguem arrecadar com as despesas educacionais das crianças.

Com mais de 3,4 milhões de casos de coronavírus, a Índia é o terceiro país mais afetado do mundo. Mais de 62 mil vidas foram perdidas com o vírus.

ZAP //

 

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