/

Indestrutíveis, inteligentes e com GPS. Cientistas transformam baratas em ciborgues

Mochammad Ariyanto

E se as baratas fossem os próximos robôs de complexas missões de salvamento ou investigação de destroços de guerra? Uma equipa de cientistas decidiu experimentar.

Operações de busca, salvamento, vigilância. Podem parecer coisas reservadas aos humanos, mas uma equipa de engenheiros achou que a tarefa servia melhor a… baratas.

E, através de um sistema de navegação aprimorado, estes pequenos animais tornam-se verdadeiros ciborgues.

Isto porque a própria anatomia destes animais é perfeita para se inserirem em lugares de difícil alcance: passar em sítios estreitos, trepar paredes, infiltrar-se em canos e até sobrevivem em lugares com pouco oxigénio.

“A criação de um robô funcional em pequena escala é um desafio; quisemos contornar este obstáculo mantendo as coisas simples”, explica o autor principal do estudo publicado em fevereiro na Soft Robotics, Mochammad Ariyanto.

O que fizeram foi, portanto, inserir nos próprios animais um complexo sistema de navegação: uma espécie de mochila tecnológica.

“Ao ligar simplesmente dispositivos eletrónicos aos insetos, podemos evitar os pormenores mais finos da engenharia robótica e concentrar-nos em atingir os nossos objetivos”, explica Ariyanto, cintado pela Science Alert.

O conjunto que criaram chama-se “sistema de navegação bio-híbrido baseado no comportamento (BIOBBN)” e baseia-se na programação reach-avoid, que envolve o objetivo de chegar a um local definido, evitando os obstáculos que possam surgir pelo caminho.

O BIOBBN é constituído por dois algoritmos de navegação: um para ambientes simples e outro para situações mais complexas.

“O primeiro sistema de navegação podia utilizar uma mochila eletrónica mais volumosa e pesada, enquanto o segundo precisava de uma mochila mais compacta e mais leve para acomodar a sua navegação em terrenos complexos”, escrevem os cientistas.

“Este algoritmo… aproveitou os comportamentos naturais das baratas, como seguir paredes e trepar, para navegar à volta e por cima de obstáculos”, escrevem. “O segundo cenário, mais denso, exigiu mais tempo devido ao aumento da capacidade de evitar obstáculos e ao comportamento natural de escalada”.

Os autores esperam agora que estes insetos-robôs possam ser utilizados para inspecionar os perigosos escombros deixados na sequência de guerras e catástrofes naturais. “Acredito que os nossos insetos ciborgues podem atingir objetivos com menos esforço e potência do que os robôs puramente mecânicos”, diz o engenheiro Keisuke Morishima.

“O nosso sistema de navegação bio-híbrido autónomo ultrapassa problemas que tradicionalmente têm desafiado os robôs, como a recuperação de quedas. É isto que é necessário para sair do laboratório e entrar em cenários da vida real, como a natureza selvagem”.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.