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Análise genética revela práticas de incesto na elite da Irlanda pré-histórica

bea-y-fredi / Flickr

Newgrange, na Irlanda

Cientistas analisaram os restos mortais de um homem que foi sepultado em Newgrange, monumento arqueológico, construído há mais de cinco mil anos, na Irlanda.

De acordo com o canal estatal russo RT, a análise do genoma dos restos mortais de um homem do final da Idade da Pedra, encontrada num dos túmulos de Newgrange, na Irlanda, revelou casos de endogamia entre familiares de primeiro grau da elite social daquela época.

“Todos herdámos duas cópias do genoma: uma da nossa mãe e outra do nosso pai”, começou por explicar Lara Cassidy, investigadora da Trinity College Dublin e autora principal do estudo publicado, esta quarta-feira, na revista Nature.

A especialista destacou que, neste caso, ambas “eram extremamente semelhantes“, o que sugeria um sinal de incesto. E, “de facto, as nossas análises permitiram-nos confirmar que os seus pais eram parentes em primeiro grau”, acrescentou.

Segundo o mesmo site, as relações deste género como, por exemplo, entre irmãos e irmãs, são um tabu quase universal por razões culturais e biológicas. A aceitação social desta situação foi sempre encontrada entre as elites, sobretudo dentro de uma família real divinizada. Ao quebrar as regras, a elite separava-se das pessoas comuns, intensificando a hierarquia e legitimando o seu poder.

“O prestígio do enterro torna muito provável que fosse uma união aceite pela sociedade”, disse também Dan Bradleyl, professor na mesma universidade irlandesa. “Isto mostra uma hierarquia tão extrema que as únicas pessoas dignas da elite eram membros da sua própria família”, acrescenta.

Além desta descoberta, a equipa encontrou uma rede de relações familiares entre este homem e outros indivíduos de diferentes partes da Irlanda. “Parece que se trata de um poderoso grupo de parentes distantes, que tiveram acesso a locais de enterro para a elite em muitas regiões da ilha durante pelo menos 500 anos”, concluiu Cassidy.

Embora Newgrange seja ainda mais antiga do que a Grande Pirâmide de Gizé, no Egipto, pouco se sabe sobre quem foi enterrado neste monumento arqueológico com 200 mil toneladas, ou sobre a sociedade neolítica que o construiu há mais de cinco mil anos.

ZAP //

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