A ideologia “incel”, vulgarmente promovida nas redes sociais e em fóruns fechados, ganhou uma nova dimensão com o êxito da série Adolescência, da Netflix. Mas, afinal, que cultura é essa que faz odiar mulheres?
“Incel” é uma abreviação do termo inglês “involuntary celibate”. Em português significa, “celibatário involuntário”.
O termo é uma referência a membros de uma subcultura virtual – geralmente homens heterossexuais – que não conseguem ter relações sexuais ou românticas.
Apesar de desejarem ter esse contacto sexual, os “incels” costumam sentir-se excluídos ou rejeitados – particularmente pelas mulheres.
Estas circunstâncias fazem com que os membros desta comunidade tenham sentimentos de ódio em relação às mulheres e homens sexualmente ativos.
É importante ressalvar que nem todos os celibatários involuntários são “incels”. Só é “incel” quem se identifica com estes comportamentos e discursos de ódio.
Estes grupos também promovem ideias racistas e de objetificação e violência sobre as mulheres; e, em casos extremos, a apologia do terrorismo e de homicídios em massa.
Elliot Rodger ficou denominado como “herói incel”, depois de, em 2014, ter matado sete pessoas e ferido 14, na Califórnia, antes de se suicidar. Elliott alegou querer “castigar” as mulheres e os homens por elas amados, pela falta de interesse que sentiam por ele.
O jovem tinha um canal no YouTube onde abordava, frequentemente, a frustração que sentia por ser virgem aos 22 anos.
Um dos ícones da ideologia “incel” é o influencer Andrew Tate, que promove o machismo e a misoginia e faz parte de uma comunidade que culpa as mulheres pelos seus problemas de relacionamento.
Adolescentes, violentos e misóginos
Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net. e especialista em parentalidade digital, aponta os encontros que a associação “Agarrados à Net” faz há vários anos nas escolas com pais, alunos e professores para sensibilizar os pais para os perigos da Internet.
Este debate, em Portugal e noutros países europeus, ressurgiu após o êxito da série Adolescência, da Netflix, sobre um rapaz de 13 anos acusado de matar uma colega de escola.
A minissérie britânica de quatro episódios já teve 42 milhões de visualizações, segundo a plataforma Netflix. Está no número um do top-10 desde a estreia, há duas semanas, em 80 países, incluindo Portugal.
O uso de linguagem codificada – com emojis – levou esta semana a PSP a divulgar uma informação que explicava os diversos significados dos “emojis” usados pelos jovens.
Os riscos são muitos e o especialista acrescenta: “O foco agora está nas questões ligadas à misoginia. As pessoas parece que já se esquecerem que houve jovens portugueses que foram lutar pelo exército islâmico”. “A Internet é uma ferramenta de recrutamento para tudo”.
Cristiane Miranda, cofundadora do projeto Agarrados à Net, que promove o “bem-estar digital” de crianças, jovens e adultos, combatendo o bullying’ o ‘yberbullying e a violência sexual com base em imagens.
“Os pais devem estar atentos e conversar com os filhos, manter essa conexão, e isso vai diminuir a probabilidade destas coisas acontecerem”, refere.
Também à Lusa, a psicóloga Tânia Gaspar alertou que a sociedade está a regredir no respeito pelas mulheres, contando que pediatras sentem que as raparigas estão a ser mais manipuladas e criticadas pelos rapazes, devido à sua aparência, sem saberem defender-se.
Como exemplo desta mudança na sociedade, a especialista conta que “há casos de miúdas abusadas por primos ou vizinhos, e, na grande parte das vezes, ou elas não dizem à família, ou quando dizem eles não acreditam. Ou então dizem: Olha, isso vai trazer muita confusão”, acrescentou.
Num estudo divulgado no ano passado, a Organização Mundial da Saúde alertou para que uma em cada quatro raparigas adolescentes que estiveram numa relação sofreu violência física ou sexual por parte do parceiro.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa
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É tudo woke quando nao se concorda
Se deixarmos chega liderar voltamos ao holocausto e espero que sejas o primeiro a ir pa fornalha