(dr)
Clube 33
Espaço em Lisboa já está à espera de amantes da música. Vendem-se discos vinil e poderá surgir um listening bar. Inauguração será no sábado.
“Island Life” de Grace Jones, “Almanaque” de Chico Buarque ou “Perto de Ti” de Lena D’Água.
Não há estilo predilecto no Clube 33, um espaço dedicado à música que vai ser inaugurado no próximo sábado, em Lisboa.
Na designação do espaço encontramos o seu contexto: “clube” porque pretende juntar pessoas à volta da música; 33 porque é o número da porta (na Rua Poiais de São Bento, muito perto do Rio Tejo) e porque os discos vinil LP (long play, longa duração) giram a 33 e 1/3 rotações por minuto.
O Clube 33, que já está aberto há pouco mais de dois meses, vende discos vinil. “Em parte, a questão do disco é uma coisa pessoal minha, um sonho de adolescência“, admitiu Alexandre Travessas, um dos fundadores e responsáveis.
Em entrevista ao ZAP, Alexandre explicou que o espaço foi aberto no dia 3 de Março para perceber rotinas e dinâmicas. E está a “correr bastante bem”, até agora.
O Clube 33 está num espaço onde, supostamente, iria ser aberto um restaurante: “Em 2015 alugámos um espaço, que era para ser um restaurante. Mas na altura éramos produtores de um festival de música que, a nível financeiro, correu mal. Não permitiu avançar para o restaurante”.
“Já no final de 2019 continuávamos com o espaço e chegara o momento da decisão. Porque não abrir uma loja de discos? Sabíamos que o vinil estava de volta, o próprio mercado estava a dar sinais de força, a cassete reapareceu, a venda de CDs aumentou…”, conta Alexandre.
Já durante a pandemia perdeu o seu emprego — promotor de espectáculos — e o projecto concretizou-se.
O Clube 33 vende, para já, só discos vinil: “A necessidade há-de criar a procura e a venda de outros formatos. Os artistas independentes estão a lançar cada vez mais cassetes, por exemplo”.
Uma das prioridades do clube é precisamente divulgar artistas independentes, com direito a apresentações de disco e sessões de autógrafos.
E a divulgação não passará somente pelo mundo da música: em Junho deverá abrir uma sala de eventos, para exposições de arte e de fotografia, sempre focado no mercado independente. “E não necessariamente só com artistas portugueses. Há muitos estrangeiros interessados em trabalhar connosco”.
Há outro cenário que o Clube 33 quer criar: audições colectivas de discos. Ou seja, um listening bar, onde as pessoas se juntam e ouvem música. Só ouvir. Sem falar, dançar ou beber.
“Uma ideia até era criar um listening bar, como os que surgiram no Japão nos anos 70, onde iam só ouvir música (acho que ainda existem). Já se tentou trazer para Barcelona, por exemplo, mas é muito complicado porque o sangue latino é demasiado quente, começamos a beber e pronto, não conseguimos estar calados“, descreveu Alexandre Travessas.
“Propomos a editoras independentes criar sessões de audição colectiva de discos. Não sabemos se as pessoas estão preparadas para esses eventos, mas seria interessante”, revelou, antes de marcar a diferença: “E aqui não há bebidas…”.
O acervo é vasto e conta com muitas raridades – nacionais e internacionais — que vão desde os anos 70 até ao final do século. XX. E há novidades todas as semanas.
Segue-se a inauguração oficial, marcada para o próximo sábado, dia 14 de Maio, de um clube que tem parceria com a marca nacional com consciência ambiental “Not Yet Famous”, assim como com várias entidades ligadas à música independente portuguesa, como a revista LOUD! e as editoras Raging Planet ou a Groovie Records.
