MP abre inquérito após denúncia de 200 imigrantes moldavos escravizados em Serpa

O Ministério Público (MP) abriu um inquérito após ter recebido um auto de ocorrência da GNR relativo a uma publicação numa rede social que denunciou a alegada existência de 200 imigrantes moldavos escravizados em Serpa.

Em resposta a perguntas colocadas esta quarta-feira pela agência Lusa, fonte da Procuradoria-Geral da República disse que o MP recebeu um auto de ocorrência da GNR relativo à publicação, “o qual deu origem a um inquérito”, que está em fase de investigação.

Também em resposta a perguntas da Lusa, a GNR informou que “não tem registo de denúncias ou de ocorrências” na zona de Serpa, no distrito de Beja, “relacionadas com o descrito” na publicação na rede social Twitter.

No entanto, a GNR “teve conhecimento” da publicação, a qual enviou para o MP, por “descrever factos que poderão configurar a prática de crimes”.

As perguntas da Lusa foram colocadas após os jornais Sol e inevitável terem noticiado que “cerca de duas centenas de migrantes moldavos estarão a ser escravizados em Serpa”, segundo uma denúncia feita no Twitter por um jovem universitário moldavo, Catalin Schitco.

No texto publicado no domingo e consultado pela Lusa, Catalin Schitco escreveu: “Recebi uma denúncia, de fonte fidedigna, que em Serpa, Beja, 200 moldavos estão neste momento a ser escravizados. O salário é enviado para o patrão no estrangeiro que não lhes paga. E isto não é o mais chocante”.

Acrescentando depois, numa resposta à publicação, que “a mesma fonte acrescenta que [a] GNR sabe do sucedido e tem acordos com os patrões criminosos”. Em declarações ao inevitável, o estudante alegou que foi “abordado por uma moradora de uma aldeia em Serpa, avó de uma amiga próxima”, que lhe terá contado “a história”.

Segundo Catalin Schitco, a mulher terá conseguido “comunicar com um imigrante”, que lhe terá contado que “os trabalhadores não recebem salários fixos” e “o dinheiro é enviado de forma centralizada para uma pessoa no estrangeiro que depois o redistribui, sem qualquer tipo de periodicidade fixa ou garantida”.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) diz não ter conhecimento de uma eventual situação de escravatura.

Em declarações ao jornal inevitável, um moldavo conta que teve conhecimento de algo semelhante que terá acontecido em Lisboa há aproximadamente oito anos.

“Era mais ou menos a mesma coisa. Era prometido um trabalho e salário às pessoas, vinham para cá e depois, quando chegavam, ficavam todas numa casa e recebiam muito pouco. Quase não conseguiam ter dinheiro para voltar para casa”, disse Andrei, nome fictício deste imigrante. “Iam trabalhando e quem recebia o dinheiro era um senhor que só lhes entregava parte e ficava com o resto”.

ZAP // Lusa

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