Russos voltam da guerra, batem na esposa e pagam 50 euros. Igreja controla

Igreja, Kremlin, violência doméstica e feminismo. “Família tradicional em risco” e um quarteto que vai resultar em… nada.

Há um assunto que não costuma ser assunto na Rússia, mas tem sido nos últimos tempos: violência doméstica.

Diversos soldados voltam da guerra e batem na esposa. Vão a tribunal, são considerados culpados (às vezes), mas pagam cerca de 50 euros e caso encerrado, resume o Verstka.

Agora o Meduza, seguindo o mesmo portal, salienta que esse tem sido um tema popular de discussão entre as autoridades russas nas últimas semanas.

A violência doméstica é um problema para o Partido Liberal Democrata, que há cerca de um mês propôs projectos-de-lei para o Governo, para travar este crime na Rússia.

Mas já se sabe que nada vai ser aprovado.

É que o Kremlin já prometeu à Igreja Ortodoxa Russa que nenhuma lei anti-violência doméstica vai surgir na Rússia; pelo menos num futuro próximo. E, pelo menos, até que a guerra acabe.

Nessas conversas estiveram o Patriarca Cirilo I, líder dos ortodoxos, e altos funcionários do Governo. O acordo fica estabelecido por tempo indefinido.

A Igreja Ortodoxa Russa não quer dar espaço a modernices. Não quer “dar às feministas e às forças pró-Ocidente uma lei que elas possam manipular para os seus próprios fins”, explica uma fonte ao Vertska.

Até porque uma lei anti-violência doméstica, alega, iria “minar os alicerces da família tradicional“.

Por outro lado, o Kremlin deixa os deputados falarem livremente sobre a iniciativa dos liberais democratas. É um assunto “relativamente seguro” e “relativamente populista”.

Conclusão: provavelmente vai haver mais conversas, mais solicitações, até ajuda de legisladores…mas a Igreja já sabe que nada será aprovado.

Até porque, explica a fonte, os legisladores têm uma instrução clara: não se focarem nos soldados que “bateram nas suas esposas depois de regressarem da operação militar especial”.