Henry Rayhons, de 78 anos, é uma figura proeminente na sociedade do Iowa, nos EUA, e arrisca-se, agora, a ganhar fama mundial por estar a ser julgado por ter feito relações sexuais com a esposa, quando ela estava internada com a doença de Alzheimer.
Um caso raro, se não único, salienta o New York Times, que conta a história e que reforça o facto de esta despoletar um debate, nunca antes feito, em torno da demência e do sexo, concretamente nos pacientes de Alzheimer.
A esposa de Henry Rayhons, Donna Lou Rayhons, que morreu no ano passado, estava internada num centro de cuidados para idosos em Garner, no Iowa.
A senhora, que tinha 78 anos e que casou com Henry Rayhons em 2007, depois de ambos terem ficado viúvos, não sabia o nome das filhas, nem cumprir funções tão básicas como comer, nem tão pouco teria capacidade mental para consentir a prática de relações sexuais.
E é precisamente neste ponto que se baseia a acusação contra Henry Rayhons, um empresário agrícola da área do milho e dos grãos de soja que é também conhecido por ter sido um legislador Republicano.
Terão sido as filhas da senhora Rayhons, de um anterior casamento da mesma, que moveram a acusação contra o idoso de 78 anos que insistiu em manter relações sexuais com a esposa, apesar das recomendações em contrário que recebeu.
Ele foi detido após o falecimento da esposa e acusado de um crime de abuso sexual em terceiro grau, relativo a um episódio ocorrido a 23 de Maio de 2014, oito dias depois de os funcionários da unidade lhe terem dito que não deveria fazer sexo com a mulher.
Uma recomendação feita depois de uma das filhas da paciente ter recebido dos profissionais médicos da unidade de cuidados uma resposta negativa perante a pergunta se ela tinha condições mentais para consentir as relações sexuais.
Não há indícios de que a senhora tenha resistido ou manifestado quaisquer sinais de abuso e alguns profissionais do centro admitem que ela parecia sempre feliz quando via o marido, que a visitava frequentemente.
Apesar disso, o idoso está a ser julgado e o caso está a despoletar um aceso e infindável debate.
O sexo na doença de Alzheimer é uma temática pouco ou nada estudada. E se há médicos que defendem que a intimidade é positiva para os pacientes que sofrem de demência, outros reparam que, sendo os distúrbios mentais voláteis, o sexo pode ser consensual numa hora e ser inapropriado na seguinte.
Henry Rayhons, que terá admitido ter feito sexo com a esposa, durante uma inquirição feita por um investigador que lhe sugeriu, de forma enganosa, que tinha sido tudo filmado por uma câmara de vigilância, tem-se mantido em silêncio.
Ao investigador, Henry Rayhons terá dito que a mulher pedia, ocasionalmente, para ter sexo e que gostava do acto.
Oficialmente, as únicas palavras da parte do acusado foram proferidas num comunicado onde se constata que “acusar um esposo de um crime por continuar uma relação com a sua esposa, numa unidade de cuidados, parece-nos incrivelmente ilógico e anti-natural, bem como incrivelmente pernicioso”.
SV, ZAP