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Na Idade do Bronze, restos mortais eram guardados como relíquias

(dr) Wiltshire Museum

O instrumento musical feito a partir do osso de uma coxa

Arqueólogos britânicos descobriram que, na Idade do Bronze, as pessoas guardavam restos mortais de parentes como relíquias ao longo de várias gerações.

Em comunicado, os investigadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, dizem que estas descobertas sugerem que os nossos antepassados não viam os restos mortais como “assustadores”, mostrando a sua intenção de homenagear e recordar os falecidos.

A equipa usou a datação por radiocarbono e tomografias computadorizadas para estudar estes ossos da Idade do Bronze, com cerca de 4500 anos, encontrados no Reino Unido.

“Descobrimos que muitos dos restos mortais foram enterrados durante um tempo significativo depois da pessoa morrer, o que sugere uma tradição de preservação de restos humanos”, disse Thomas Booth, autor principal do estudo publicado, a 1 de setembro, na revista científica Antiquity.

Os cientistas destacam o caso de um osso da coxa, proveniente de Wiltshire, que foi transformado num instrumento musical e incluído como bem funerário no enterro de um homem encontrado perto de Stonehenge.

De acordo com o mesmo comunicado, a datação por radiocarbono deste “instrumento musical” sugere que pertencia a alguém que essa pessoa conheceu durante a sua vida.

“Embora os fragmentos de ossos humanos fossem incluídos como bens funerários com os mortos, também eram mantidos nas casas dos vivos, onde eram enterrados e até expostos”, destaca a professora Joanna Brück, investigadora principal do projeto.

A equipa também analisou as alterações microscópicas nos ossos produzidas por bactérias, para obter uma indicação de como é que o corpo foi tratado durante a decomposição.

“A micro-tomografia computadorizada sugeriu que estes ossos vieram de corpos que foram tratados de formas semelhantes às que vemos em restos humanos da Idade do Bronze. Alguns foram cremados antes de serem separados, outros foram exumados após o enterro e alguns ficaram sem carne ao serem deixados no solo”, explicou Booth.

Isto sugere que não havia um protocolo exato para o tratamento dos corpos cujos restos estavam destinados a ser preservados, acrescenta.

Os investigadores consideram que esta investigação revela que os mortos foram encontrados não apenas num contexto funerário, mas que os seus restos mortais eram regularmente guardados entre os vivos.

“Este estudo realmente destaca a estranheza e, talvez, a natureza desconhecida do passado distante de uma perspetiva atual. Parece que o poder destes restos mortais está na forma como reportavam para relacionamentos tangíveis entre as pessoas nestas comunidades e não como uma forma de conectar as pessoas com um passado mítico distante”, concluiu Booth.

ZAP //

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