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Icebergue gigante vai desprender-se a qualquer momento da Antárctida

O maior icebergue já observado pelos cientistas está prestes a “nascer” na Antárctida. Uma fenda na massa de gelo está a crescer de dia para dia e a previsão é de que um icebergue gigante pode desprender-se a qualquer momento.

O Projecto MIDAS (Melt on Ice Shelf Dynamics and Stability), iniciativa britânica que envolve vários investigadores e cientistas, acaba de revelar novos dados sobre esta fenda na plataforma de gelo conhecida como Larsen C e que  continua a crescer de dia para dia.

No relato divulgado no blogue do MIDAS, os investigadores Martin O’Leary e Adrian Luckman salientam que a fenda está prestes a completar a ruptura completa, o que levará a que uma enorme massa de gelo se desprenda da Antárctida.

“Num sinal de que a formação do icebergue está iminente, a parte que em breve será icebergue da plataforma de gelo Larsen C triplicou de velocidade para mais de 10 metros por dia, entre 24 e 27 de Junho de 2017″, salientam O’Leary e Luckman.

Os investigadores realçam que “o icebergue continua anexado à plataforma de gelo, mas a sua extremidade externa está a mover-se à mais alta velocidade jamais registada”.

“Ainda não podemos dizer quando é que a ruptura vai ocorrer – podem ser horas, dias ou semanas -, mas esta é uma notável mudança relativamente a observações anteriores”, destacam ainda os cientistas.

Quando a massa de gelo se soltar, estaremos perante o maior icebergue já observado até agora pelos cientistas, com “aproximadamente, o tamanho do Delaware”, estado norte-americano que tem uma área de cerca de 6.400 km², conforme salienta o site Live Science.

Quando este icebergue em formação se desprender, a Larsen C vai “perder mais de 10% da sua área, deixando a frente de gelo na sua posição mais recuada de sempre”, desde que há registos, frisam os cientistas do MIDAS.

Assim, a paisagem da Península da Antárctida vai mudar radicalmente, assumindo uma “nova configuração menos estável”, ficando mais exposta a um cenário de potencial colapso total, alertam.

“A Larsen C pode, eventualmente, seguir o exemplo da sua vizinha Larsen B, que se desintegrou em 2002 no seguimento de um evento de ruptura semelhante induzido por uma fenda”, destacam os elementos do MIDAS.

Nada a ver com o aquecimento global

Importa esclarecer que este evento não está relacionado com o aquecimento global, constituindo antes um processo “normal” de uma “camada de gelo saudável” que ocorre desde há “décadas, Séculos, milénios”, conforme explica a professora Helen Amanda Fricker, do Instituto de Oceanografia Scripps, num artigo no jornal The Guardian.

“O que parece ser uma enorme perda, é apenas limpeza doméstica comum“, explica Fricker, frisando que está em causa simplesmente “um grão num saco de arroz”.

“Um icebergue, mesmo que um tão grande como o Delaware ou um quarto do tamanho de Gales, é pequeno, comparado com toda a camada de gelo” existente, cuja área é “maior do que a Austrália”, sustenta a professora.

SV, ZAP //

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