“Não esqueceremos esta humilhação”. Índia liberta última líder da Caxemira, detida há 14 meses

BMN Network / Flickr

Mehbooba Mufti, líder do Partido Democrático Popular e ex-ministra-chefe de Caxemira

A Índia libertou o último dos líderes políticos da Caxemira, em prisão domiciliar há 14 meses, desde que o antigo estado teve o seu estatuto autónomo especial revogado unilateralmente.

Segundo noticiou na quarta-feira o Independent, na sua primeira declaração pública depois de ter sido libertada, na noite de terça-feira, Mehbooba Mufti atacou as autoridades de Deli e descreveu as ações do governo como antidemocráticas e ilegais.

A ex-ministra-chefe do estado agora dividido em dois “territórios sindicais”, controlados centralmente, Mufti compartilhou uma mensagem de áudio nas redes sociais a pedir “uma solução para o problema da Caxemira” e a libertação de todos os prisioneiros políticos.

“A Caxemira nunca deve esquecer o roubo e a humilhação”, afirmou a líder do moderado Partido Democrático Popular. “Tudo o que Deli levou deve ser trazido de volta”, sublinhou.

Mufti ficou detida durante 14 meses apesar de nunca ter defendido o separatismo violento. Numa entrevista ao Independent, em 2019, descreveu uma visão para um futuro em que a Caxemira fosse unificada como uma zona única económica, com a Índia e o Paquistão a manterem a soberania sobre as suas áreas na região.

A 05 de agosto de 2019, depois de reforçar as forças paramilitares na região e cortar o acesso à Internet, o governo indiano, liderado por Narendra Modi, revogou dois artigos constitucionais que consagraram o estatuto especial da Caxemira. O primeiro dava ao estado a sua própria constituição. O segundo garantia direitos de propriedade na região.

Desde então, a área tem estado sob bloqueio, com limites de comunicação e deslocação. O governo vinha a diminuir gradualmente as restrições desde início do ano, até ao momento em que surgiu a pandemia de covid-19, fechando mais uma vez a região.

A Caxemira tem sido disputada entre a Índia e o Paquistão, desde 1947, e entre a Índia e a China, a partir de 1962. A zona administrada pela Índia regista episódios de separatismo militante. A Índia acusa o Paquistão de fomentar esses protestos.

Mufti, que esteve em duas prisões antes de ser transferida para a sua residência, não foi a única líder a ser detida sob o Ato de Segurança Pública, legislação da era colonial que permite ao governo indiano deter qualquer pessoa por até dois anos sem julgamento.

Dois outros ex-ministros-chefes do antigo estado, Farooq e Omar Abdullah, também foram detidos. Ambos foram libertados em março deste ano – momento em que a Índia entrava no bloqueio para travar a propagação do coronavírus.

ZAP //

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