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Os humanos foram “superpredadores” durante dois milhões de anos

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Viktor Vasnetsov (1848–1926)

Caçadores da Idade da Pedra

Uma nova investigação revelou que os humanos foram um predador de ponta durante cerca de dois milhões de anos. Só a extinção da megafauna e o declínio das fontes de alimentos de origem animal no final da Idade da Pedra levaram os humanos a aumentar gradualmente o elemento vegetal na sua nutrição, até que finalmente não tiveram escolha a não ser domesticar animais e plantas.

A equipa de investigadores decidiu analisar a memória preservada nos nossos próprios corpos para chegar a esta conclusão, ou seja, o metabolismo, a genética e a constituição física. “O comportamento humano muda rapidamente, mas a evolução é lenta. O corpo lembra-se”, disse Miki Ben-Dor, da Universidade de Tel Aviv, citado pelo Science Daily.

O novo estudo, publicado no dia 5 de março no American Journal of Physical Anthropology, mostra que os humanos eram, inicialmente, superpredadores que se especializaram na caça de grandes animais.

A equipa tentou responder à questão: “os humanos da Idade da Pedra eram carnívoros especializados ou omnívoros generalistas?”

Depois de analisarem cerca de 400 artigos científicos diferentes, a maioria das evidências foi encontrada em pesquisas sobre biologia atual: genética, metabolismo, fisiologia e morfologia.

A acidez do estômago humano, por exemplo, é um fator importante.

“A acidez do estômago é alta quando comparada com omnívoros e até mesmo com outros predadores. Produzir e manter uma acidez forte requer uma grande quantidade de energia e a sua existência é uma evidência para o consumo de produtos de origem animal”, explicou Ben-Dor.

A acidez fornece proteção contra bactérias nocivas encontradas na carne. Os humanos pré-históricos, que caçavam animais de grande porte, consumiam carne com grandes quantidades de bactérias, pelo que “precisavam de manter um alto nível de acidez”.

Outro fator que indica que os seres humanos eram superpredadores é a estrutura das células de gordura.

Nos corpos dos omnívoros, a gordura é armazenada num número relativamente pequeno de grandes células de gordura, enquanto nos predadores – incluindo nos humanos – ocorre o contrário: temos um número muito maior de células de gordura mais pequenas.

O genoma humano também foi citado entre as evidências. “Os geneticistas concluíram que ‘as áreas do genoma humano foram fechadas para permitir uma dieta rica em gordura, enquanto nos chimpanzés as áreas do genoma foram abertas para permitir uma dieta rica em açúcar'”, disse Ben-Dor.

“Muito provavelmente, tal como nos predadores atuais, a própria caça foi uma atividade humana focal durante a maior parte da evolução humana”, concluiu o investigador.

A equipa concluiu também que os humanos só começaram a comer uma dieta mais vegetal há cerca de 85 mil anos, provavelmente como resultado da extinção de animais maiores que eram uma fonte de alimento.

Liliana Malainho, ZAP //

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